São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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23ª Bienal não escapa de vandalismo

CELSO FIORAVANTE

CELSO FIORAVANTE; CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

A 23ª edição da Bienal Internacional de São Paulo, encerrada ontem no parque Ibirapuera (zona sul da cidade), não escapou do vandalismo.
No dia 22 de novembro, uma sexta-feira, um visitante não identificado -provavelmente uma mulher- beijou um dos trabalhos do artista plástico norte-americano Andy Warhol (1928-1987) e deixou nele uma marca de batom.
A notícia foi divulgada em nota do jornal "O Globo", mas não havia sido confirmada pela Bienal para não estimular outros acontecimentos semelhantes.
"Foi um acontecimento que pôde ser resolvido dentro da casa. Se houvesse necessidade de uma intervenção internacional, ou se a obra tivesse que ficar muito tempo fora da Bienal, então daríamos ao fato o relevo devido", disse Nelson Aguilar, curador-chefe da Bienal.
O trabalho atingido pertence à série "Torsos" (1977) e mostra um nu frontal masculino e um punho cerrado reproduzidos seis vezes. O "beijo" aconteceu na parte central do primeiro torso (da esquerda para a direita), sobre o pênis.
Andy Warhol é o mais importante expoente da arte pop, movimento que se manifestou principalmente na década de 60 como uma crítica à comunicação de massa. A repetição e reutilização de ícones da cultura e do consumo norte-americanos eram os procedimentos adotados por seus representantes.
Solvente
Segundo a restauradora Magali Sehn, a obra necessitou apenas de uma limpeza superficial com solventes e um posterior retoque com aquarela por meio da técnica de pontilhismo. Seth realizou o trabalho junto com a restauradora Angela Freitas.
A obra foi retirada da mostra durante o período de visitação da Bienal. Magali Sehn fez então um laudo técnico sobre o incidente, que foi encaminhado à Fundação Warhol. A obra foi reposta na manhã seguinte ao dia da agressão, no sábado.
A restauração foi aprovada pela Fundação Andy Warhol, que não mandou nenhum representante para avaliar o trabalho.
Segundo a Bienal, o incidente não ocasionou nenhum reforço na segurança, intensificada apenas na última semana do evento, devido ao aumento do número de visitantes.

Colaborou Cassiano Elek Machado, free-lance para a Folha

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