São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Visita ao Brasil teve ameaças de morte

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nos cinco dias em que ficou no Brasil (de 17 a 22 de novembro), o diplomata José Ramos-Horta teve a sua segurança ameaçada três vezes: uma perseguição suspeita, em Brasília, e duas ameaças de morte, em Campinas e no Rio de Janeiro.
O único dia absolutamente tranquilo foi o da sua chegada, em São Paulo, quando descansou em um convento de frades dominicanos. Na manhã seguinte, voou para Brasília e começou a maratona imposta pela programação.
Intromissão
No primeiro dia, em Brasília, 18 de novembro passado, os agentes da PF (Polícia Federal) notaram que um carro aparecia em alguns locais onde o Nobel da Paz tinha encontros marcados.
No segundo dia, o carro suspeito chegou a se "intrometer" entre os carros da comitiva de Ramos-Horta. Antes de deixar Brasília, um telefonema para os organizadores da visita, sediados em Campinas, transmitiu ameaças de morte.
Quando chegou a Campinas, por volta das 2h30 da madrugada do dia 20, para se instalar no hotel Noumi, Ramos-Horta foi recepcionado por duas dezenas de agentes federais.
Foi obrigado a aceitar que um dos agentes ficasse de plantão à porta do seu quarto, e, outro, dormisse em um quarto contíguo.
Segurança reforçada
No Rio, a ameaça foi mais explícita: atentado contra a comitiva quando estivesse transitando pelas ruas da cidade.
A Polícia Federal chegou a pedir para que ele cancelasse a agenda -um dos encontros, no dia 22, era com o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
Depois de um contato com o Ministério da Justiça, em Brasília, Ramos-Horta disse que estava ali para cumprir a agenda e a PF para lhe dar segurança.
Ele também não aceitou a outra alternativa oferecida pelos agentes federais -cumprir a agenda no hotel, recebendo as pessoas em seu próprio quarto.
A solução: a Polícia Federal redobrou a segurança e o cônsul português no Rio, por conta própria, passou a andar sempre ao lado de Ramos-Horta -o que acontecesse com um, dificilmente não atingiria o outro.
(RN)

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