São Paulo, segunda-feira, 9 de dezembro de 1996
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Nobel crê em 'conversão' de Suharto

RUI NOGUEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A ditadura do general Suharto é a grande inimiga, mas José Ramos-Horta crê que, em política, há a "conversão dos maus".
Chega a incomodar seus interlocutores por apostar tanto em ventos democráticos que possam facilitar a independência de Timor.
Motivos: a Indonésia é um "tigre asiático", a família Suharto é dona de negócios milionários, há pressão interna pró-democracia e o regime não pode compatibilizar por muito tempo força militar com desenvolvimento econômico.
Depois dos instrumentos diplomáticos, a arma que Horta maneja com mais desenvoltura é a ironia.
"O povo timorense não luta e morre apenas para que alguns turistas brasileiros não venham a ter dificuldades de comunicação se decidirem passear por aquela relíquia do império português", escreveu em um semanário lusitano.
Na passagem pelo Brasil, na ânsia de ser coloquial, Ramos-Horta empregou várias vezes, em contato com autoridades, a expressão "encher o saco".
Desconhecendo a vulgaridade intrínseca da gíria, usou-a com inocência sempre que contou a história do início da carreira como jornalista e radialista.
Nos anos 60, começou a trabalhar em um programa de rádio que executava música "a pedidos". "Como os timorenses sabem tudo sobre o Brasil, embora os brasileiros nem saibam que Timor Leste existe, só pediam para ouvir músicas de Roberto Carlos e Teixeirinha. Me enchia o saco."
(RN)

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