São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Presidente da comissão nega fraudes

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Sarney Filho (PFL-MA), disse ontem que "não há a menor possibilidade de haver fraudes no Orçamento".
Como presidente da comissão, Sarney Filho não tem poder de interferir nas decisões do relator e sub-relatores sobre verbas e emendas de parlamentares.
Mesmo assim, ele esforça-se para evitar que a comissão seja alvo de mais acusações de pagamentos de propinas para colocação de projetos no Orçamento.
"O empresário que se sujeitar a um tipo de achaque é desinformado, porque na comissão não há balcão de negócios", observou.
Pressão
Sarney Filho é um dos maiores opositores na comissão à inclusão de receita de tributos e contribuições que não estão previstos no projeto do Executivo.
Até agora, ele não conseguiu evitar que os colegas da comissão aumentassem em R$ 1,7 bilhão o total de R$ 117,7 bilhões da arrecadação, excluindo receita previdenciária.
A estratégia do deputado maranhense é evitar que isso seja aprovado pelo plenário da comissão. Hoje, começam as votações dos relatórios parciais da área de defesa e agricultura.
Por iniciativa de Sarney Filho, o sub-relator de Infra-Estrutura, Genésio Bernardino (PMDB-MG), recolheu na última quinta-feira o relatório sobre a área.
A Folha apurou que o presidente da comissão recomendou que Bernardino siga os parâmetros da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Um dos principais pontos dessas regras é a manutenção de 10% dos investimentos totais do DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem) para construção de rodovias.
Depoimentos
Alfredo Moreira, diretor da construtora Andrade Gutierrez em Brasília, é esperado hoje na Câmara para prestar depoimento definitivo sobre o pedido de propina que teria sido feito pelo líder do PTB, Pedrinho Abrão (GO).
Além de Moreira, estão convocados o deputado João Leão (PSDB-BA), o secretário de Recursos Hídricos, Paulo Romano, e o próprio Abrão.
Segundo acusação relatada pelo ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente e Recursos Hídricos), o líder do PTB teria pedido ao diretor da empreiteira uma comissão de 4% para manter, no Orçamento de 1997, uma verba de R$ 42 milhões destinada à barragem do Castanhão, no Ceará.
A tentativa de extorsão, segundo o ministro, teria sido testemunhada pelo deputado Pinheiro Landim (PMDB-CE). Ouvido pela comissão, Landim negou.
"Se houve pedido de dinheiro, não sei. Mas eu não presenciei negociação nenhuma", disse.
A participação de Landim na negociação foi relatada pelo próprio diretor da empreiteira a Paulo Romano e João Leão, em um encontro no Ministério do Meio Ambiente.
A conversa foi confirmada por Leão. "Fiquei abismado com a história e pedi que eles me dessem um papel para escrever uma ata e oficializar a denúncia", disse o deputado na última sexta-feira. Nesse momento, segundo o deputado, Moreira recuou.
Paulo Romano também deve confirmar hoje o relato. O secretário foi o primeiro a ouvir as reclamações de Moreira sobre suposto pedido de propina.

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