São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Sequestro deu início a projeção nacional

WAGNER OLIVEIRA*

WAGNER OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA

Leonardo Pareja ganhou destaque nacional em setembro de 95. Antes, era conhecido pela polícia de Goiás como assaltante de postos de gasolina.
Há pouco mais de um ano, sequestrou a estudante Fernanda Vianna em Salvador (BA) e a levou para a vizinha Feira de Santana.
Durante o sequestro, Pareja ludibriou a polícia. Depois de 58 horas de negociação, ele libertou a garota e fugiu para o interior do Estado.
Antes de fugir, deu entrevista a emissoras de rádio dizendo que iria garantir a integridade física da estudante se não fosse atacado pela polícia. Nas estradas da Bahia, Pareja fez outros dois reféns, libertados depois de algumas horas.
O que mais incomodou a polícia durante a fuga de Pareja foram as entrevistas dadas por telefone para criticar a incompetência dos policiais em prendê-lo.
Cerca de 40 dias depois da fuga na Bahia, Pareja foi localizado por policiais em uma igreja evangélica em Aparecida de Goiânia (GO).
Na troca de tiros com a polícia, acabou ferindo uma garota. Após a fuga, mandou uma carta à TV pedindo desculpas à família da menina. Em 12 de outubro, se entregou à Justiça e foi enviado ao Cepaigo.
Em 28 de março, a cúpula do Judiciário, Secretaria da Segurança e a diretoria do presídio fizeram uma inspeção no local. Um dos visitantes foi dominado, e começou uma rebelião que durou 159 horas.
Pareja foi chamado pelos 28 presos e reféns para começar negociações para uma fuga. Durante a rebelião, Pareja conduziu as negociações como quis -convocou entrevistas coletivas e deu ordens.
Logo após a fuga em carros cedidos pelo Estado, a polícia começou a recapturar os 56 fugitivos. Pareja se entregou sete horas depois, em um posto de gasolina na cidade de Porangatu (a 413 km de Goiânia).
A estudante Carolina Cardoso de Andrade, 24, foi morta quando passava por uma barreira da PM na rodovia BR-060. Seu carro emparelhou com o de fugitivos.
Ela foi atingida por um tiro disparado por PMs. Nenhum policial foi acusado na Justiça até agora. O delegado Jurandir Teixeira Pinto disse que falta ouvir 9 dos 90 PMs que participaram da operação.

*Colaborou a Sucursal de Brasília

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