São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996 |
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Chegou a hora de o torcedor virar cidadão
MATINAS SUZUKI JR.
* O duo balcânico do Real esteve mais no jogo do que o duo brazuca do Barça, que pisava nos astros distraído. * Na longa gestão de João Havelange à frente da Fifa, o futebol cresceu no mundo. Está organizado e profissionalizado em todo planeta, cresce em mercados fundamentais como o japonês e o americano. Contabilizar o que é mérito exclusivamente dele no processo é difícil, mas, certamente, há muito da sua participação pessoal nesse sucesso. Em contrapartida, a administração do futebol brasileiro, nesse período, ficou mais atrasada, ineficiente e sem credibilidade alguma. Boa parte da responsabilidade por essa situação recai sobre as ligações formais e informais entre a CBF e a Fifa. Começa a aparecer a oportunidade para mudanças radicais no futebol brasileiro. E você torcedor, que é antes de tudo cidadão, deveria começar a exigir essas mudanças. * Disse alguém, com certa colherada (em gastronomia e em futebol, a verdade pode estar na precisão da dosagem) de razão, que a fórmula mata-mata é mais democrática, pois amplia as oportunidades para os times com menos recursos para investimentos. A chave está na probabilidade. Mais vezes dois times jogam entre si, menos o acaso -e seus meros descasos- interfere no resultado final. É o que ocorre nos playoffs da NBA, por exemplo. As séries são inicialmente de cinco, passando para sete quando o torneio entra na definição. Assim, na NBA, dificilmente o melhor time deixa de se impor no frigir dos ovos. É claro que o ritmo do futebol é outro, e não é possível fazer tantas partidas quanto no basquete. Veja o caso do até agora pequenino Vicenza, por exemplo, ao qual, curioso com a sua campanha no Campeonato Italiano, dediquei parte das minhas atenções na manhã sem sol do domingo. Dentro das suas fronteiras, deixou escapar uma merecida vitória contra o caro elenco black and blue da Inter. Mais do que uma vitória, deixou escapar a liderança isolada no sistema de pontos corridos do Italiano. O sistema de pontos corridos não está impedindo, por exemplo, que os pequenos polegares Vicenza e Bolonha (4º lugar, 20 pontos, dois atrás dos líderes) realizem uma excelente campanha na Bota. Mas eles terão que enfrentar o desafio de, com uma infinidade de rodadas pela frente, provar que têm consistência e regularidade nas vitórias. Até porque, com o futebol apenas correto e muito voluntarioso que mostrou no domingo (embora uma partida apenas seja insuficiente para emitir juízos definitivos sobre um time), o Vicenza terá dificuldade para superar o crescimento do seu coabitante no lugar primeiro do torneio, a Juve -que, após ganhar a Copa Toyota, voltou a praticar um futebol bastante competitivo. * Então, tá combinado: mata-mata na Copa do Brasil, pontos corridos no Brasileiro. Texto Anterior: Estádio precisa ser 'ampliado' Próximo Texto: Cavalo de aço Índice |
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