São Paulo, terça-feira, 10 de dezembro de 1996
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Melodia é o que se destaca no trabalho

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

"Cheio de Dedos" é um disco de compositor. Portanto, só o que interessa é a melodia. Nem por isso Guinga se perde em virtuosismos. As faixas são curtas e estudadas, sem lugar para o improviso. É fiel à sua própria concepção.
A languidez do choro -e não a alegria do chorinho- delineia as composições, que têm arranjos inspirados para as cordas, mas contidos no que se refere aos metais. Os arranjos a que submete o gênero lembram as transformações impetradas pelos membros da Camerata Brasileira e as de Raphael Rabello.
Em alguns momentos, Guinga se afasta do Rio de Janeiro, como no baião experimental "Dá o Pé, Louro", composto para reverenciar Hermeto Pascoal.
O disco tem também um samba inspirado, "Rio de Exageros", com participação especial do pianista Chano Dominguez, e uma modinha, "Inventando Moda".
Apesar de poucas surpresas -o formato das composições é conhecido e respeitado à risca, Guinga ousa em arranjos capazes de personificar todo esse universo com seu estilo próprio.
Foi mais longe do que seu modesto objetivo de contar a história musical do Rio. Fez o melhor disco de música brasileira do ano.
(SC)

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