São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Novo ministro admite estudar saúde paga

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O novo ministro da Saúde, Carlos César Silva de Albuquerque, 56, disse ontem que "poderá estudar" a cobrança de consulta médica por parte do SUS (Sistema Único de Saúde), atualmente ilegal.
Albuquerque foi oficialmente anunciado ontem como ministro da Saúde, cargo que era ocupado por um interino desde a saída de Adib Jatene há 35 dias.
O novo ministro declarou que poderia ser feita uma modificação nesse sentido a partir da "consciência" do governo e do Congresso. "São alternativas que não se podem excluir", acrescentou, em entrevista por telefone de Barra do Ribeiro (55 km ao sul de Porto Alegre-RS).
Albuquerque afirmou que a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) é "indispensável" para o financiamento do setor. Conforme ele, sem a CPMF, já aprovada no Congresso, não há recursos orçamentários suficientes para bancar a saúde.
"A partir de janeiro, a entrada da CPMF por 13 meses dará um fôlego para a gestão do sistema."
Médico, especialista em cardiologia, Albuquerque afirmou que, a curto prazo, não há "nenhuma possibilidade de resolver" os problemas da saúde pública.
Pregou a necessidade de "um grande pacto social" do governo com os prestadores de serviço e médicos para resolver os problemas da área, como a remuneração dos serviços prestados.
Albuquerque, que hoje deve se reunir com o presidente Fernando Henrique Cardoso, declarou que o SUS deve ser "preservado", pois "comprovou ser eficaz".
Mas ele defendeu uma "flexibilização" do sistema. "Não pode haver um modelo engessado do SUS do Oiapoque ao Chuí."
Disse ser necessário "integrar" recursos de diferentes ministérios (Saúde, Educação e os militares, por exemplo) em favor do SUS. Na sua opinião, atualmente os recursos estão "desintegrados, desentrosados". Segundo o novo ministro, é preciso "pensar uma política que preste melhor atendimento aos pobres".
O novo ministro disse ter consciência de que seu futuro cargo é um fardo devido à falta de recursos, mas prometeu "combater o bom combate" -expressão usada no livro "Dom Quixote", do espanhol Miguel de Cervantes (1547-1616).
O ministro disse que viajou muito pelo país nos dois últimos anos. "É possível mudar desde que haja proposta de reorganização do sistema e tempo. O problema de saúde é mundial, não está resolvido no planeta", declarou.

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