São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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História diz que o primeiro jogo é o decisivo

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, estou escrevendo essas linhas antes de iniciar a primeira das partidas decisivas do Campeonato Brasileiro de 96.
Para não deixar esta coluna envelhecida -e para não entrar em um assunto frio, fora do clima delicioso das decisões-, vou propor uma espécie de joguinho interativo, que você, hoje, já sabendo o resultado do jogo de ontem, poderá confirmar ou não no domingo.
É um lugar comum dizer que, em títulos disputados em dois jogos, com o saldo de gols sendo quesito decisivo (diz-se, incorretamente, "um jogo de 180 minutos"), a última partida é a mais importante.
Os times procuram ficar com o mando do segundo jogo, e até o técnico Candinho, da Portuguesa, andou caindo nessa história nesta semana.
Bem, basta dar uma olhadinha no "O Almanaque do Futebol Brasileiro", do Marco Aurélio Klein e do Sergio Alfredo Audinino, que acaba de sair do forno, para descobrir que o poder decisório do segundo jogo é muito mais ilusório e psicológico do que real.
Desde que o Brasileiro começou a ser disputado, apenas em duas (somente duas) ocasiões o time que perdeu a primeira partida conseguiu reverter a desvantagem na segunda e, assim, tornar-se campeão.
Os dois casos ocorreram com o Flamengo na década de 80. Em 1980, o Flamengo perdeu a primeira partida para o Atlético Mineiro, em Minas, por 0 x 1, e, depois, foi campeão, no Maracanã, batendo os alvinegros por 3 x 2.
Em 83, o Mengo repetiria a dose. Perdeu para o Santos, no Morumbi, por 1 x 2, e depois, bateu o time paulista por 3 x 0.
E foi só. Botafogo (95), Palmeiras (94, 93), Flamengo (92), São Paulo (91), Corinthians (90), Vasco (89), Bahia (88), Fluminense (84), Grêmio (81), Inter (79) e Guarani (78), todos eles venceram a primeira partida e foram campeões.
Não estão computadas as decisões em uma única ou em três partidas e os campeonatos decididos após um empate no primeiro jogo. Como se vê, a força da última partida é muito mais uma superstição.
Além disso, esses dados mostram que o tal jogo de 180 minutos contém um desvio estatístico bastante relevante: é muito difícil que um time que saia perdendo consiga reverter a desvantagem, ferindo o princípio da igualdade que deveria imperar nas duas partidas.
No domingo, você poderá checar essas hipóteses, não importa qual o resultado do jogo de ontem no Morumbi.
*
O "O Almanaque do Futebol Brasileiro" propõe um ranking para o futebol brasileiro.
Segundo a pontuação de o "O Almanaque", o São Paulo é o melhor time brasileiro ao longo dos anos em que os torneios regulares foram disputados no Brasil e ao longo dos anos em que time brasileiros participaram regularmente de torneios internacionais.
O São Paulo tem 326,5 pontos. O Palmeiras, em segundo lugar, tem 314. O Flamengo, terceiro, tem 311. Caso vença o Brasileiro de 96, o Grêmio, quarto, subirá para 285 pontos (tem, atualmente, 268).
Já a Lusinha, sendo campeã ou sendo vice (que vale 10 pontos), passa do 26º para o 25º lugar, ultrapassando o Ameriquinha do José Trajano.

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