São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Cuba: uma pedra no quintal dos EUA

CINILIA T. GISONDI OMAKI

especial para a Folha Do domínio espanhol à tutela norte-americana, Cuba é destaque e área de cobiça desde o século 15.
Como colônia espanhola, passou de importante porto à área produtora de açúcar e tabaco. Localização geográfica privilegiada e condições de exploração econômica explicam o empenho dos EUA, por meio da ação armada, em ajudá-la na conquista de sua independência (1895-98).
O direito de intervenção garantido pela Emenda Platt e a instalação de uma base militar em Guantánamo formalizaram a tutela dos EUA.
Governos autoritários, corruptos, comprometidos com os EUA e sem representatividade popular, por toda primeira metade do século 20, forneceram o meio ideal para a insatisfação nacional e ações radicais, como Fidel Castro registrou bem: "... o momento é revolucionário e não político".
Em 1956, Fidel e poucos companheiros, estabeleceram sua base em Sierra Maestra. O apoio camponês foi decisivo para a revolução, conquistado por meio da propaganda, além da proposta de reforma agrária. Na guerrilha, destacou-se Che Guevara, e a vitória chegou em 1959.
No início, a Revolução Cubana não apresentava uma linha ideológica clara, destacando apenas o objetivo político de derrubar o ditador Fulgêncio Batista.
O novo governo demonstrou seus compromissos com a igualdade e justiça social, propondo: nacionalização dos setores básicos e de empresas estrangeiras; acabar com o analfabetismo; investimentos na saúde e diversificação econômica.
A reação americana foi imediata: suspensão das importações de açúcar, fim das relações diplomáticas; embargo comercial e pressão para sua expulsão da OEA.
Isolada política e economicamente, Cuba aproxima-se da URSS, relação caracterizada pela dependência que durou até 1991, com o fim do socialismo soviético. Fidel tenta adiar ao máximo a abertura econômica, mas a crise interna e a manutenção do embargo americano o forçam a adotá-la a partir de 93, buscando atrair investimentos estrangeiros, porém sem abertura política, como na China.
Para os EUA, esses 37 anos de Fidel, significaram a preocupação com um país socialista em seu "quintal" e a administração do problema da grande leva de refugiados.
Na Nova Ordem ficam algumas dúvidas: 1) As conquistas sociais da Revolução serão mantidas diante da crise generalizada?; 2) As novas gerações de cubanos conseguem visualizar e lembrar os ganhos obtidos com o socialismo diante de um futuro difícil?; 3) Como ficará Cuba sem Fidel?

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