São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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"Invasão Plínio Marcos" chega com o Ano Novo

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

1997 promete para os admiradores de Plínio Marcos, 61, o "figurinha difícil" do teatro brasileiro. Duas peças suas, "Navalha na Carne" e "Quando as Máquinas Param", serão adaptadas para o cinema. O ator Marco Ricca levará para o palco o monólogo "O Homem do Caminho" e Juca de Oliveira, a peça "A Dança Final".
Coincidindo com os 30 anos da primeira montagem, "Dois Perdidos numa Noite Suja" estréia em Paris. Para completar, estão nas livrarias "Figurinha Difícil", crônicas, e "O Assassinato do Anão do Caralho Grande", romance.
"A homenagem é justa. Trata-se do maior dramaturgo brasileiro vivo. Vamos reconhecê-lo agora enquanto está com a gente", comenta Neville D'Almeida, diretor de cinema, responsável pelo projeto "Navalha na Carne".
Polêmico, maldito, radical. Com quantos adjetivos não se tentou taxar a obra de Plínio Marcos? Mas é o próprio quem dá pistas de como defini-lo: "figurinha difícil".
Ele não é chegado em entrevistas, não dá autógrafos, não arquiva seus textos, transferiu os direitos autorais de suas peças para os filhos e o enteado e mal sabe quantos livros publicou ("uns 40"), muito menos em quais editoras. Não aceita patrocínio da iniciativa privada. Acha que tal dinheiro corrompe o ideal libertário do artista.
No entanto, o ex-ponta esquerda da Portuguesa Santista e palhaço Frajola dá em média 60 palestras por ano em escolas e faculdades, e é tema de muitas teses acadêmicas.
"A estréia dele, em 66, foi um marco. Ele trouxe para o palco um grupo de marginalizados. É um teatro autêntico. E ele ainda está em grande forma", opina Sábato Magaldi, crítico.
"Do grupo dos anos 60 é o autor mais presente. Chegaram a criticá-lo, na época. Diziam que era uma volta ao naturalismo. Estou em desacordo. A ambiguidade das relações é riquíssima em sua obra", diz Magaldi.
Visado pela censura do regime militar, Plínio surpreendeu o público ao detonar, na abertura política, uma fase mais "espiritualista" com as peças "Jesus Homem" e "Madame Blavatsky".
Em 43 anos de carreira, Plínio já fez de tudo um pouco -até atuou na novela "Beto Rockfeller" (1968), sucesso da extinta TV Tupi.
Nutriu amizade com Nelson Rodrigues, a quem sempre foi comparado. "Plínio, eu sou um eterno magoado, e você está em paz...", chegou a ouvir de Rodrigues.
Durante anos, podia ser encontrado em faculdades e bares de SP, vendendo seus livros. Recentemente, virou tarólogo, "dom que adquiri nos meus tempos de circo", explica Plínio, fazendo questão de divulgar seu telefone para os interessados em consutas (tel. 011/67-1190).

LEIA entrevista com Plínio Marcos à página 4-3

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