São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Ritmo seduz até sambistas

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mal conquistou o país, o Carrapicho já começa a fazer danos irreversíveis à música brasileira. Seu carro-chefe, "Tic, Tic Tac", ganhou versões lamentáveis nas vozes de Negritude Jr. (disco "Nosso Ninho", EMI) e da Banda Eva ("Beleza Rara", PolyGram).
O grupo paulista, com suas babas românticas, já havia reforçado o mote de que São Paulo é o túmulo do samba, mas foi ainda mais longe ao devastar também a faixa que encantou os franceses (que já é estereotipada em sua versão original). Mas pior é a faixa "Tanajura", que traz uma oportunista "citação" (?) de 33 segundos do tema da série "Jeannie É um Gênio".
O hit do Carrapicho ganhou também uma versão baiana na voz da Banda Eva (PolyGram). Mas nessa, ao menos, a baiana Ivete Sangalo tem a energia e a cadência necessárias ao ritmo.
Mas nem tudo é tragédia na reprodução indiscriminada da toada. A baiana Márcia Freire (ex-Cheiro de Amor) é a própria índia Potira quando canta "Vermelho", tamanha a energia que coloca na faixa. É o que salva seu disco homônimo (PolyGram).
Ela está tão bem que rivaliza com uma amazônica da gema, Fafá de Belém, que também gravou versão de "Vermelho". Mas Fafá não dá moleza e gravou duas versões da mesma faixa (uma com a colaboração do levantador de boi David Assayag) e também "Pássaro Sonhador" (toada do boi Caprichoso), que dá nome a seu disco (lançamento da Sony).
(CF)

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