São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Gravadoras dividem puxadores de toada

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

As perspectivas de sucesso da toada amazônica são tão grandes que têm gerado estratégias ousadas no mercado fonográfico nacional.
A gravadora paulistana Atração Fonográfica, por exemplo, que tem contratos com os mais importantes puxadores de boi (cantores de toada) da região amazônica, emprestou seus artistas para a gravação de discos por gravadoras maiores.
É o caso de Arlindo Jr. e da banda Carrapicho. A Atração tem contrato com os dois. No caso de Arlindo Jr., emprestou-o para a DC-Set, que, com distribuição da Sony, lançou no mercado um disco homônimo e promove o artista em todo o país.
Para isso recebe royalties sobre a cessão do artista no período e retira seus discos anteriores do mercado (a Atração tem dois de Arlindo Jr., "Saga de um Canoeiro" e "Pássaro Sonhador") por um tempo determinado -até março.
É o período necessário para que a DC-Set trabalhe o artista e venda pelo menos os 100 mil CDs que tira na primeira prensagem, que chegou ao mercado na primeira semana deste mês.
As gravadoras fizeram o mesmo tipo de acordo com outros dois puxadores: David Assayag e Tony Medeiros. O disco do primeiro sai em janeiro e foi gravado ao vivo, assim como o de Arlindo Jr.
Tony Medeiros entra em estúdio em janeiro. Todos os discos levam os nomes dos artistas, para assim reforçar ainda mais sua imagem no mercado.
A atração da DC-Set pelos puxadores do boi começou no final de 95, quando, escalado para abrir shows de Roberto Carlos e Julio Iglesias em Manaus, o puxador roubou a cena e fez brilhar os olhos do empresário Dody Sirena, da DC-Set.
Segundo Murilo Pontes, responsável pela área popular da Atração, a relação estabelecida entre sua gravadora, o grupo Carrapicho e a gravadora BMG é semelhante.
A Atração empresta o artista à multinacional e retira de circulação o disco "Bumbalanço". Espera então que o artista seja bem trabalhado no mercado -que "Tic, Tic Tac" seja martelado até a exaustão na cabeça dos ouvintes- e relança o disco anterior.
"Para o mercado nacional serão discos inéditos, pois só foram explorados na região amazônica", disse Pontes. A Atração, de Wilson Souto Jr., conta com cerca de 130 títulos de diversas áreas em catálogo, em parte graças aos títulos que herdou do selo Lira Paulistana (que era de Souto Jr,).
A gravadora prepara para o próximo ano o lançamento dos novos discos do Regional Vermelho e Branco e o primeiro disco de Lucilene de Castro, além de outros ritmos amazônicos, como carimbó.

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