São Paulo, quinta-feira, 12 de dezembro de 1996
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Dividi uma mesa com Plínio

MARCELO RUBENS PAIVA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há mais de quatro anos, Plínio Marcos tem cadeira cativa no Gigetto, cantina italiana e ponto de encontro da classe teatral. As despesas são por conta da casa.
"Tudo começou na época em que eu era perseguido", conta Plínio. Sem emprego, ele ia de bar em bar vendendo os próprios livros. "No Gigetto, eu vendia os livros e comia com o dinheiro arrecadado. Até o dia que o Elias (um dos donos) disse que eu não pagaria mais", lembra.
Plínio se senta na última mesa pontualmente às 23h00. Eventualmente, janta sozinho. Quase sempre janta com a atual mulher, Vera Artaxo, que também não paga.
Mariano, o maitre, palmeirense roxo, é quem serve o guaraná com laranja para Plínio e a água sem gás para Vera. Cada noite ele pede um prato diferente.
Na última terça-feira, fui um dos convidados. Plínio jantava com um amigo de infância. Os dois de Santos e eu de família santista.
O assunto? Santos e seu passado de glórias, dos cabarés às orquestras, da melhor vida noturna do país e do futebol.
Até a chegada de Thiago, 15, enteado e detentor dos direitos da peça "Abajur Lilás". Damos voz à nova geração. O saudosismo vai para o banco. Thiago não entende de futebol, é DJ.
Na saída, uma mulher me pergunta se não sou o autor de... Respondo que sim e apresento a ela "o grande Plínio Marcos". "Eu sei. Esse aí nós vemos sempre", ela diz.
(MRP)

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