São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 1996
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Brasil e os mercados de capitais

JOSÉ GUIMARÃES MONFORTE

Os traços institucionais inconfundíveis de que o Brasil mudou muito, e para melhor, aí estão.
Nos últimos quatro anos, particularmente, o país ganhou um marcado senso de direção na criação e fortalecimento de uma economia aberta em um mundo que experimenta dramáticas mudanças rumo à globalização dos mercados.
Neste ano que se encerra, uma análise focada na atividade dos agentes econômicos, no âmbito dos mercados de capitais doméstico e internacionais, resulta na confirmação da consolidação do ciclo virtuoso em que nos instalamos.
As necessidades de financiamento, centradas principalmente nos vetores de expansão do consumo e reforma da infra-estrutura, foram plenamente atendidas porque puderam contar com a disposição dos emissores de buscar alternativas variadas e com os investidores dispostos a se deter mais na análise do quadro real do país e do valor específico detido por cada emissão.
No âmbito do mercado de capitais internacional, 1996 foi um ano de quebra absoluta de recordes e de mais avanços na conquista de novos "pools" da poupança, por meio da utilização de novos instrumentos.
Tiveram continuidade, em larga escala, as operações tradicionais com "bonds", aumentaram as securitizações, foram introduzidas as de "high yield" e viu-se o retorno das operações de "syndicated loan" e "project finance".
No ambiente do mercado de capitais doméstico, começam a ser colhidos os frutos da estabilidade e também do aprendizado que advém da prática das operações internacionais.
Os exemplos mais marcantes da evolução nessas duas direções são a extensão dos prazos das operações e a utilização de estruturas de securitização de recebíveis.
O ano de 1996 foi o do resgate dos mecanismos e instrumentos de mercados de capitais para financiar novos investimentos, a prazos e custos mais adequados que os do mercado financeiro tradicional.
Mantido esse curso, muitos avanços qualitativos serão ainda registrados. Como resultado do acesso mais amplo aos "pools" de investidores institucionais, gradualmente aumentará o público externo corretamente informado sobre a realidade brasileira.
Por seu lado, os emissores, para manter a possibilidade de continuado acesso a esses investidores, vão precisar manter a frequência e a qualidade das informações sobre seus negócios.
Isso, por certo, resultará num padrão de "disclosure" equivalente ao que se observa nos mercados mais desenvolvidos.
Tudo que vemos hoje nos faz crer que nosso país e seus agentes econômicos mudaram, e mudaram para melhor.

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