São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Mulher repete casamento com ex-marido

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Casar duas vezes com o mesmo homem não é, necessariamente, um sinal de falta de criatividade. Pode ser também de persistência ou necessidade de tirar a teima.
Mulheres que investiram no repeteco contam que não foi fácil transformar a incompatibilidade da primeira vez no amor nem sempre eterno da segunda.
"Quando me separei do meu atual marido ele era uma pessoa difícil, mal-humorada e a nossa vida não deslanchava", diz a comerciante Rosa Mubará, 41.
Ela passou dez anos casada, quatro desquitada e está há dez casada de novo com o mesmo marido.
"Hoje, ele é outra pessoa", garante (leia depoimento ao lado).
Despreparada
A professora de francês Suzana Sheikman, 29, casou-se aos 22 anos, separou-se legalmente aos 24, viveu três anos com outro homem e se casou de novo com o primeiro marido, aos 27.
"Aos 22 anos estava despreparada para me casar", conta. "Em pouco tempo senti necessidade de ficar sozinha para descobrir uma porção de coisas."
Na tentativa de recuperar o primeiro casamento, Suzana e o marido, um editor de imagens e vídeos, foram morar em Paris.
"A viagem só serviu para precipitar as coisas. Dois meses depois estávamos separados", conta.
Logo em seguida, Suzana conheceu um italiano e foi morar com ele. Ficaram juntos três anos. O ex-marido dela voltou ao Brasil.
"Enquanto eu estive com o italiano, ele namorou milhões de meninas", lembra ela.
O reencontro de Suzana com o ex-marido aconteceu em uma viagem dele para a Índia. "No caminho, ele passou por Paris e não nos desgrudamos", conta.
"O italiano foi uma grande paixão, serviu para uma porção de descobertas, mas na verdade não tinha muito a ver comigo."
Retomada empolgante
Na época, ele tinha uma namorada fazia três meses. Terminou com ela e em pouco tempo se casou de novo com Suzana. Ela está grávida de três meses.
"Esse filho fecha um ciclo", diz ela. "Sinto que agora a coisa tende a se estabilizar."
Nem sempre a retomada é garantia de amor eterno. No caso da decoradora Rita Labbate, 39, tudo voltou a ser como antes.
"Casei pela segunda vez porque acreditei que meu marido estava mudado", conta Rita.
Ela namorou com o ex-marido dos 14 aos 21 anos, casou-se e teve três filhos com ele. Aos 29, estava separada legalmente.
"Brigávamos demais, não me sentia reconhecida e achei que lucraria mais com a liberdade", diz.
Os dois passaram quase cinco anos separados, até que um dia o ex-marido de Rita foi morar em um flat e se deu muito bem.
"Quando o vi cuidando da casa, recebendo as crianças sozinho e arrumando o próprio armário, caí na besteira de acreditar que ele havia mudado", lembra.
Os dois retomaram e o marido de Rita esqueceu a lição do flat. "Voltou o mesmo", lembra. "Em algumas coisas, até piorou", afirma.
"O relacionamento sexual, por exemplo, ficou estranho. Ele ficou com ciúme da mulher que ele conheceu com 14 e que agora já conhecia outros homens", afirma. "No fim, parecíamos irmãos."
Os dois se separaram há um ano. "Algo me diz que não vai haver terceiro casamento", ela diz.

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