São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Professor faz 'retiro' em universidade do PR

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FAXINAL DO CÉU (PR)

A Universidade do Professor, criada pelo governo Jaime Lerner (PDT) em Faxinal do Céu, distrito de Pinhão (400 km a sudoeste de Curitiba), recebeu neste seu primeiro ano de funcionamento mais de 20 mil professores da rede estadual de ensino. Até o final do ano, a meta é atender 21 mil dos 57 mil professores paranaenses.
Criada em meio a críticas de educadores e do Sindicato dos Professores do Paraná, a Universidade do Professor organiza seminários semanais para uma média de 900 professores de 1º e 2º graus da rede estadual de ensino.
Professores dos 30 núcleos regionais de ensino -que abrangem os 399 municípios paranaenses- são levados à vila Faxinal do Céu (uma vila cedida pela Copel -Companhia Paranaense de Energia Elétrica) para, durante uma semana, discutir os problemas e as soluções para a melhoria de ensino em suas escolas.
Os seminários de educação avançada têm um amplo conteúdo, com noções de arte, filosofia, ciência e educação divididos em três grandes temas: embasamento conceitual, qualidade de vida e atividade construtiva.
No tema atividade construtiva, os professores são incentivados a discutir os problemas em suas escolas, suas causas e as soluções para conseguir uma melhoria no nível de ensino no Estado. Os outros temas (embasamento conceitual e qualidade de vida) buscam subsidiar culturalmente os professores para seu crescimento pessoal.
Segundo Arthur Pereira e Oliveira Filho, criador dos seminários, a intenção principal "é a desobstrução da pobreza mental e da falta do entendimento, resgatando o ser humano e, com ele, o professor".
Os seminários são ministrados pelo Centro de Educação Gerencial Avançada, empresa de Petrópolis (RJ) especializada em seminários para grupos privados e executivos.
A contratação da empresa para a organização dos cursos, ao preço de R$ 3,394 milhões, sem concorrência, foi responsável pelas primeiras críticas ao projeto. O orçamento da Secretaria da Educação do Paraná -que pagou o contrato- para 96 é de R$ 953, milhões.
Segundo o presidente da Sindicato dos Professores (APP-Sindicato), Romeu Gomes de Miranda, 50, o Paraná tem quadros em suas universidades estaduais "suficientes para ministrar cursos sem esse custo". Ele critica os seminários por "não instrumentalizar o professor para a tarefa de educar".
Arthur Pereira e Oliveira Filho, diretor-presidente do Centro de Educação Gerencial Avançada, questiona a necessidade de licitação "para a inteligência". Segundo ele, "se faz concorrência para cadeiras ou mesas, nunca para a sabedoria humana". Sua empresa foi contratada pelo governo Lerner por "notório saber".
Segundo Oliveira Filho, a não-discussão de disciplinas nos seminários é proposital. "Queremos resgatar a educação por meio do resgate do professor, de seu desenvolvimento como pessoa."
Oliveira Filho diz que em uma segunda etapa os seminários vão "fornecer fundamentos para os professores se capacitarem em suas disciplinas".
A assessora especial do governador Jaime Lerner, Lídia Bindo, que coordena a criação e instalação da Universidade do Professor, disse que o custo total por professor que frequenta o curso é de R$ 420 por semana. O piso salarial do professor no Paraná é de R$ 300, segundo a APP-Sindicato.
Ligada diretamente ao gabinete do governador Jaime Lerner, a Universidade do Professor poderá passar à administração da Secretaria Estadual da Educação em 97.

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