São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Estudo prevê desaparecimento de 120 bancos

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Engana-se quem pensa que a novela do enxugamento do sistema bancário do país está próxima do fim com o recente acordo do Banespa e o anúncio oficial do namoro entre os bancos BCN e BBA Creditanstalt, na semana passada.
Também erram os que imaginam ver o Bamerindus no último capítulo dessa polêmica página na história da banca nacional.
Os desfechos de cada um desses episódios, espera-se, será breve. Mas estão longe de ser os últimos, a julgar por um estudo da consultoria Ernst Young, recém-concluído. Nele, o consultor Paulo Feldmann prevê que o processo de ajuste do sistema bancário irá ceifar a placa de pelo menos 120 outras instituições até o ano 2000.
Se ele estiver certo, o número de bancos, 240 atualmente, será cortado pela metade nos próximos três anos. Mas não se assuste: isso não quer dizer que o seu banco irá simplesmente sumir do mapa.
Continuarão ocorrendo, isso sim, fusões, aquisições e associações, num longo processo de ajuste que começou após o Plano Real e já derrubou gigantes como o Nacional, o Econômico e o Banorte, além de cerca de 25 pequenas instituições liquidadas pelo governo.
"A concentração do sistema bancário irá continuar. Sobrarão menos bancos, só que bem mais fortes. Os pequenos irão deixar de existir. Ou serão absorvidos, ou fecharão as portas por falta de competitividade", diz Feldmann.
Antes de "virar profeta" do mercado bancário, o consultor passou 14 dos seus 47 anos trabalhando para grupos financeiros, entre eles Citibank, Itaú e Safra.
Projeções
No estudo, Feldmann constatou o grau de concentração e estatização atual do sistema bancário. Mais de 50% dos US$ 499,2 bilhões em ativos totais do mercado estão em poder dos bancos públicos, liderados pelo Banco do Brasil.
Os 12 maiores bancos dominam 69% do setor; os médios, 25%. Os quase 200 pequenos banquinhos criados desde 1988 dividem apenas 6% do bolo.
Com a decadência das finanças públicas, o fim das receitas fáceis dos tempos de inflação alta e a chegada da globalização -que impõe a concorrência dos bancos estrangeiros-, esse perfil vai mudar, prevê o especialista.
Os 35 bancos oficiais serão reduzidos a oito. O Banerj, com privatização marcada, será o primeiro a mudar de mãos. Os 25 bancos de conglomerados empresariais serão reduzidos a 15. Os bancos estrangeiros passarão de 24 para 35 e os de nicho, especializados em operações como crédito ao consumidor, encolherão de 124 para 35.
O clube dos cinco grandes do varejo -Bradesco, Itaú, Unibanco, Real e Bamerindus- aumentará para sete. Os bancos de atacado cairão de 27 para 20.

LEIA MAIS sobre bancos à pág. 2-3

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