São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Portuguesa é a campeã da simpatia, até no Rio

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Um detalhe que passou despercebido nestes momentos de luminosa glória lusa: a Portuguesa jogou todas estas partidas decisivas sem seu principal jogador. De propósito, não disse o melhor, mas sim o principal. Pois esse é o caso de Zinho, que amarga um longo estaleiro, justamente no instante da decisão.
Digo que é o principal jogador do elenco porque representa a faca e o queijo na mão de Candinho. Tanto pode vir aqui atrás marcar, fechar espaços, quanto ir um pouco além para armar as jogadas de ataque com lucidez, habilidade e rapidez. Indo além, costuma deixar também a marca de artilheiro bissexto, como demonstrou ao longo de toda a temporada, desde o Paulista.
Houve mesmo um instante, nesta fase decisiva, que Candinho suspirou por Zinho. Caio não cumpria com acerto a função de ligar o meio-campo ao ataque, e Zé Roberto estava suspenso. Fechou os olhos e mandou Zinho entrar em campo, mesmo desconfiando do inevitável: o craque, ainda combalido, não resistiu a nem dez minutos de jogo.
Hoje mesmo, seria um jogo talhado para o perfil de Zinho, capaz, em forma, de cumprir o papel de Roque e ainda por cima meter uns cacos, puxando rápidos contragolpes, em parceria com Zé Roberto.
*
Independente do resultado da final, a Portuguesa já é campeã. A campeã da simpatia. E não só junto aos torcedores paulistas, não.
Oldemário Touguinhó, tão carioca que passa as madrugadas velando o sono de sua cidade, e tão mangueirense que quer a Olimpíada 2004 sendo disputada ao pé do histórico morro, garante que a Mangueira, este ano, pela primeira vez desde que mestre Cartola escolheu suas gloriosas cores, não sairá de verde e rosa, mas de rubro-verde.
O Rio é Lusa até morrer.
*
O juiz escolhido para a final de hoje é aquele mesmo que meteu a mão no Santos, na decisão contra o Botafogo, ano passado? Êpa!
E ainda por cima o presidente do Grêmio anda espalhando por aí que a Lusa tem sido favorecida pelas arbitragens? Êpa! três vezes.
Se há um clube que nunca teve tal refrigério em toda a história este é a Portuguesa. Ao contrário: nos anos 50, quando tinha um esquadrão que chegava a ceder nove jogadores à seleção, todo ano perdia para João Etzel e cia.
É bem verdade que houve a célebre decisão com o Santos, em 73, quando Armando Marques, ao errar nas contas dos pênaltis, acabou dando indiretamente metade do título paulista à Lusa.
Mas esse não conta. Foi erro de conta.
*
Com Luxemburgo e Zetti no Santos, a Lusa em estado de graça, e o Palmeiras escorado na Parmalat e num timaço, um feliz ano novo se prenuncia para o futebol paulista. Mesmo porque Corinthians e São Paulo não costumam ficar na draga por muito tempo. E já é hora da virada.

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