São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Frases

SÍLVIO LANCELLOTTI

Nos rescaldos da crise que levou o brasileiro João Havelange a desistir da reeleição na Fifa, sobraram duas frases definitivamente admiráveis.
Do sueco Lennart Johansson, presidente da Uefa e principal opositor de Havelange: "A Europa atingiu um estágio em que pode viver sem a América do Sul -mas a América do Sul não pode viver sem a Europa".
De Havelange, na carta com que comunicou a sua desistência ao Executivo da Fifa, em 7 de dezembro: "Meses atrás, o doutor Johansson me comoveu com os seus apelos à união. (...) Pois tomo esta atitude em honra da união".
Um mamute numa cristaleria, de fato Johansson venceu uma batalha na grande guerra pelo poder na entidade. No conflito, entretanto, se desgastou terrivelmente -e queimou vários trunfos que deveria preservar.
Pelo menos metade do Executivo não confia no seu temperamento rude e na sua insensibilidade. Os africanos e os asiáticos, 8 membros no comitê de 24, temem as suas explosões de racismo. Três dos oito representantes da Europa, sem muitos disfarces, são seus desafetos pessoais.
Oficialmente, o imperial Havelange prometeu não apoiar nenhum dos possíveis candidatos à sua sucessão. Tática perfeita. Do trabalho de costura nos bastidores vai se encarregar o seu mais importante aliado no planeta, o espanhol Juan Antonio Samaranch, do Comitê Olímpico Internacional.
Quinze anos atrás, Havelange auxiliou Samaranch a assumir o poder no COI. Agora, Samaranch já alinhava os apoios necessários ao nome de um amigo comum, o italiano Franco Carraro, futuro presidente da Liga dos Clubes da Itália, reconhecido como um administrador admirável.
Em tempo: também extra-oficialmente, Havelange ainda não desistiu de impedir que se concretize a estupidez da Copa do Mundo dividida de 2002.

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