São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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Uma aventura cinematográfica

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Quase 20 anos após a morte de Paulo Emilio Salles Gomes, a obra e a atuação do crítico de cinema, escritor e intelectual militante alimentam inúmeros estudos, debates e projetos.
Nascido a 17 de dezembro de 1916, Paulo Emilio completaria 80 anos nesta terça. A data foi lembrada, há dois meses, por amigos e colaboradores, numa série de debates na USP.
Entre São Paulo e Paris, o pesquisador José Inácio de Melo Souza se dedica a escrever uma ambiciosa biografia de Paulo Emilio. O primeiro dos cinco volumes do trabalho, dedicado ao período entre 1929 e 1939, acaba de ser concluído.
Na França, a Éditions du Seuil, que em 1957 publicou a primeira edição do premiado estudo de Paulo Emilio sobre Jean Vigo, está negociando a venda dos direitos da obra para uma produtora interessada em realizar um filme a partir do livro.
O Mais! destaca um episódio fundamental na formação de Paulo Emilio: a sua prisão, em 5 dezembro de 1935, na sequência das detenções ocorridas após a chamada Intentona Comunista -a fracassada insurreição liderada por Luiz Carlos Prestes, no final de novembro, em Natal, Recife e Rio.
Paulo Emilio ficou preso até 10 de fevereiro de 1937, quando fugiu do Presídio do Paraíso, junto com outros 16 detentos, através de um túnel de 10 metros. Entre os fugitivos, estava Hélio Morato Krahenbuhl, que hoje tem 80 anos. Com a sua ajuda, a Folha reconstituiu essa fuga cinematográfica.
Na prisão, Paulo Emilio escreveu e encenou uma peça teatral, "Destinos", conhecida por poucos, que o Mais! também publica nesta edição. Concebida "em parte, como arma de propaganda política", nas palavras de seu amigo, o crítico Décio de Almeida Prado, a peça opõe dois irmãos burgueses, um consciente dos problemas do proletariado e o outro, interessado apenas em uísque e cocaína.

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