São Paulo, domingo, 15 de dezembro de 1996
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China teme violência em Hong Kong

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

As forças de segurança da China e de Hong Kong apertaram o ritmo de seu treinamento nos últimos meses, com medo de turbulências no período de transição que culmina em 1º de julho de 1997, quando a colônia britânica será devolvida a Pequim.
A polícia da colônia britânica teme protestos violentos, e a China acha que multidões de chineses podem tentar cruzar a fronteira rumo a Hong Kong.
Após a reunificação, Pequim vai manter controle sobre a entrada de chineses em Hong Kong. Apenas aqueles com permissão especial, por motivo de trabalho ou para turismo, poderão visitar o território.
Muitos chineses acreditam que a devolução de Hong Kong significa a abertura da fronteira com o território e tentarão cruzá-la, atraídos pelas luzes do capitalismo local.
Em novembro, um exercício para enfrentar uma multidão que queira cruzar a fronteira mobilizou 2.000 policiais e soldados, blindados, cães e ambulâncias na Província chinesa de Guangdong.
O exercício também buscou mostrar aos chineses que os controles de fronteira vão continuar, afirmou o "Wen Wei Po", um jornal pró-Pequim de Hong Kong.
O diário disse ainda que as autoridades de Guangdong e Hong Kong planejam exercícios conjuntos de suas forças policiais, mas não divulgou data das manobras.
"Obviamente esperamos uma transição tranquila, mas temos de estar preparados para qualquer situação", disse Stuart McDoull, vice-comandante da Escola de Treinamento da Polícia de Hong Kong.
Em visita às tropas chinesas que estarão aquarteladas em Hong Kong, um dos principais dirigentes militares chineses disse que elas "devem estar preparadas para enfrentar problemas inesperados".
Vice-presidente da Comissão Central Militar, que coordena as Forças Armadas, Liu Huaqing não deu detalhes.
Provavelmente se referia a manifestações anti-Pequim. Liu visitou no mês passado as tropas que estão agora em Shenzhen, cidade na fronteira com Hong Kong.
A chegada de tropas chinesas preocupa ativistas pró-democracia de Hong Kong. A máquina militar de Pequim ainda carrega a imagem da violenta repressão em 1989 contra o movimento estudantil da praça Tiananmen (Paz Celestial), em Pequim.

LEIA MAIS sobre Hong Kong nas págs. 18 e 20

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