São Paulo, quarta-feira, 18 de dezembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dívida inviabiliza venda do Banerj

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Planejamento do Estado do Rio, Marco Aurélio Alencar, disse ontem que o principal problema para viabilizar a privatização do Banerj (Banco do Estado do Rio) é o passivo de até R$ 1,3 bilhão que o banco tem com a Previ-Banerj, o fundo de pensão dos empregados do banco.
O leilão, marcado para ontem, foi adiado anteontem. O motivo imediato foi uma liminar concedida pela Justiça, tornando provisório o resultado do leilão.
Ontem, Alencar sustentou que o leilão foi adiado por conta da liminar, mas disse também que "o problema fundamental da privatização do Banerj se restringe ao passivo previdenciário".
Alencar disse que ainda ontem o Estado entraria na Justiça com um recurso para tentar cassar a liminar. No final da tarde, a assessoria de Alencar informou que o recurso não havia ficado pronto.
No mercado, a liminar, concedida a uma ação impetrada pela Associação dos Antigos Funcionários do banco, é vista como um pretexto para suspender o leilão.
Além da falta de uma solução para o problema do fundo, alguns dos interessados teriam considerado o preço do banco -R$ 480 milhões- excessivamente alto.
Alencar disse que o governo do Rio não pretende alterar o preço.
Impasse
O Estado tem um débito com a Previ-Banerj entre R$ 680 milhões e R$ 1,3 bilhão, dependendo da forma de cálculo. O débito é decorrente de cálculos de atualizações do patrimônio do fundo que devem ser cobertos pelo Banerj.
Para viabilizar o leilão sem cobrir o débito, o Rio propôs que os cerca de 5.000 aposentados do Banerj passassem a receber diretamente do Estado, em valores correspondentes a maio deste ano.
Os cerca de 8.000 empregados da ativa teriam seus recursos na Previ, que seria extinta, transferidos para um novo fundo de pensão.
Quem não optasse pela fórmula, ficaria no chamado "Banerj podre", que tem um passivo próximo a R$ 2,5 bilhões e será liquidado.
Os empregados não aceitaram. Segundo a Previ, haveria prejuízo.
Se não for vendido até o final do ano, como quer o Rio, o Banerj passa a ser um problema para a União. O Raet (Regime de Administração Especial Temporária) a que o banco está submetido termina no fim do ano e, pela legislação, não poderá ser prorrogado.
O governo estuda editar uma MP (medida provisória) permitindo a prorrogação. A MP solucionaria ainda o caso do Banespa, que também deve encerrar seu Raet em 96.

Texto Anterior: ITR punirá especulador diz Jungmann
Próximo Texto: Déficit federal atinge R$ 12,35 bilhões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.