São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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FHC nega ligação de seus ministros com lista do BB

Auditoria do banco deve recomendar punição a funcionário

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou ontem que o ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos) e o secretário-geral da Presidência, Eduardo Jorge Caldas, permanecem no cargo.
Os dois foram apontados por líderes do PPB como responsáveis pela elaboração de documento com informações bancárias de parlamentares.
Ontem, também foi encerrada a auditoria do Banco do Brasil que apura a responsabilidade pelo vazamento da lista. Segundo a Folha apurou, o banco vai propor punições a funcionários da instituição. Será pedida a abertura de inquérito para demitir o funcionário que passou os dados para o PPB.
O advogado do PPB, Ronald Bicca, que recebeu a lista no Congresso, disse que seu amigo Plínio Gonçalves Dutra, funcionário do BB, seria demitido.
"Estão querendo colocar a culpa no mordomo e transformar o lobo em cordeiro", queixou-se Bicca.
O BB deve propor também punições a funcionários que tiveram "comportamento incompatível com a função".
Eles não teriam vazado as informações, mas ajudaram na sua coleta.
Acareação
O presidente FHC promoveu ontem uma "acareação" entre Luiz Carlos Santos e Eduardo Jorge no Palácio da Alvorada. Também estavam presentes o ministro Clóvis Carvalho (Casa Civil) e o vice-presidente Marco Maciel.
Ficou acertado que ninguém divulgaria detalhes da conversa. A única informação foi que "tudo foi resolvido".
Segundo o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, "o presidente está convencido de que não há envolvimento de ambos (Santos e Jorge) no episódio da lista".
Amaral disse que o vazamento das informações é um assunto interno do banco e "de quem irresponsavelmente está explorando o caso". Ele se negou a indicar os supostos "aproveitadores".
Santos e Eduardo Jorge, que teriam chegado a trocar acusações sobre a responsabilidade pelo documento, procuraram mostrar ontem que tudo está resolvido.
Os dois se colocaram lado a lado durante a cerimônia de posse do ministro da Saúde, Carlos César de Albuquerque, e chegaram a trocar comentários. "Não há rusgas entre eles", resumiu Amaral.
Advogado
O PPB contratou o advogado Saulo Ramos para abrir processo contra o Banco do Brasil pela quebra do sigilo bancário de nove deputados do partido.
Hoje, Ramos recebe em seu escritório, em São Paulo, as procurações dos deputados. O advogado afirmou que entrará com uma ação civil contra o BB, por suposta responsabilidade no vazamento das informações. Vai também acompanhar o inquérito aberto pela Polícia Federal para ver "se a polícia está agindo corretamente".
Maluf
O prefeito Paulo Maluf (PPB) disse que a investigação da PF "tem que começar pelo Palácio do Planalto". Afirmou que foi o Planalto que "pediu a lista".
Maluf não incluiu Fernando Henrique em suas suspeitas, mas insinua sua participação. "Se ele não mandar apurar entre os seus, ele se torna conivente."

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