São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
Próximo Texto | Índice

Rapaz mata 3 na Sabesp e se suicida

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O auxiliar administrativo da Sabesp Marcelo Kenji Yoshiro, 22, entrou na sede da estatal nos Jardins (zona oeste de São Paulo) com uma pistola escondida em uma caixa de presente, matou três funcionárias da empresa e deixou outras duas pessoas feridas.
Em seguida, ele se suicidou com um tiro no ouvido.
O crime aconteceu por volta das 15h30 de ontem, no sétimo andar da superintendência de suprimentos e contratos estratégicos da Sabesp, na rua Padre João Manoel.
O motivo dos assassinatos seria uma desilusão amorosa. Yoshiro seria apaixonado pela técnica em contratações Valéria Lelli, 26, uma das mortas.
Como a paixão não era correspondida, ele matou Valéria e atirou em todas as testemunhas.
Além de Valéria, morreram a chefe de divisão Thais Helena Paes da Silva, 53, e a especialista em contratações Cleide Uria Casaro, que completava 45 anos ontem.
Foram baleados Antônio Carlos da Penha Biagioni e Cristian Alves Pereira de Farias, 24, que não trabalhava no local. Eles foram internados no Hospital das Clínicas.
Segundo o capitão Francisco Wanderlei Rohrer, comandante da PM na região, Yoshino entrou na sala, tirou a pistola Glock 380 da caixa e começou a atirar.
A primeira vítima foi Valéria, que levou nove tiros, seis deles no pescoço. Em seguida, ele matou matado Thais com sete disparos.
Cleide foi a terceira vítima, morrendo com três tiros. Após essas três mortes, os dois homens foram baleados.
Por último, ele chegou próximo ao corpo de Valéria e se matou. "O corpo dele estava em cima do da Valéria, em um canto da sala", descreveu o capitão.
No total, foram disparados 22 tiros, que foram ouvidos em todos os 22 andares do prédio, segundo funcionários. No momento do crime, havia cerca de dez pessoas na sala. Os cinco que não foram baleados conseguiram escapar se escondendo embaixo das mesas.
"Ele chegou e começou a atirar, sem dizer nada. Eu me joguei embaixo da mesa e fiquei ouvindo as balas passarem ao meu lado. Até agora não sei como não morri, só pode ter sido obra de Deus", disse um funcionário que se identificou como Ari.
Vários funcionários da empresa ouvidos pela Folha confirmaram que Yoshino era declaradamente apaixonado por Valéria.
"Ele vivia mandando cartas, flores e bombons, mas ela não dava bola porque era noiva", afirmou uma recepcionista que se identificou como Rosângela.
Outro motivo aventado para o crime seria uma vingança contra Thais, ex-chefe do suposto assassino, que trabalhou um ano e meio como mensageiro na Sabesp dos Jardins. Há seis meses, ele se transferiu para a sede de Pinheiros (zona oeste).
"Mas a principal suspeita é que o crime tenha sido passional", declarou o capitão.

Próximo Texto: Funcionária estava de férias
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.