São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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O caçador de esmeraldas vem das gerais

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, que todos os verdes cubram de esperança o caçador de esmeraldas que vem das gerais.
Seja o que quiser, seja como for, Telê Santana terá sempre como contribuir para a melhoria do futebol brasileiro.
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Os amigos Victor Lema Risqué, que aguarda com ansiedade o jogo do seu Uruguai contra a Argentina pelas eliminatórias da Copa-98, e Alcino Leite Neto, editor do Mais!, jogam na minha mão a edição especial do jornal argentino "La Maga/Extra" que tem como assunto o futebol.
Com o título de "La Literatura de la Pelota", extraído de livro homônimo do poeta Roberto Santoro, torcedor do Racing, desaparecido nos anos do regime militar argentino (ele recolheu os cantos das torcidas argentinas, que são maravilhosos), o jornal selecionou textos de Gabriel García Marquez, Mario Vargas Llosa, Mario Benedetti, Albert Camus, Pasolini, Eduardo Galeano, Ernesto Sabato, e muito outros, sobre o tema futebol.
Estamos, definitivamente, como vem afirmando esta coluna, vivendo o boom da literatura sobre o mais encantador dos esportes. Olé!
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O Middlesbrough, dos brasileiros Juninho e Émerson, o fujão, e também do grisalho italiano Fabrizio Ravanelli, tomou uma sonora ensacada no último fim-de-semana.
O futebol inglês é o mais rico do mundo, paga os melhores salários, mas é fogo.
É difícil para jogadores habilidosos, que gostam de reter a bola próxima aos pés, conseguir a aclimatação em meio à correria e ao toque rápido na bola que caracterizam a escola da terra do futebol moderno.
Como, no futebol, os investimentos têm maturação lenta, os resultados demoram um pouco para aparecer.
E, tanto lá como aqui, a lentidão na melhoria da performance dos times gera o descontentamento da galera.
A revista semanal britânica "The Economist", por exemplo (a bíblia dos economistas e dos que se acham bem-pensantes no Brasil), que tem os seus artigos impressos na tinta da ironia, torce o nariz para a atuação de jogadores estrangeiros no futebol inglês.
"The Economist" considera que ainda é válida a tese que afirma que os jogadores estrangeiros podem ser mais talentosos do que os ingleses, mas não conseguem sobreviver na dura escola do Liga Inglesa.
"Coloque um estrangeiro para jogar em uma noite chuvosa em Rotherham e ele será esmagado", diz a revista, concluindo: "Tão ridículo. Tão verdadeiro".
Mas, se, segundo a revista, Émerson adaptou-se melhor do que os outros dois, o mesmo não ocorreu com a sua mulher, em relação ao clima do país e da cidade do Boro.
"The Economist", então, propõe a solução para a contratação de jogadores estrangeiros por parte dos clubes ingleses. Para a revista, o ideal seria a contratação somente de jogadores da Noruega, pois, para eles, a Grã- Bretanha será sempre quente, brilhante e um lugar cheio de alegria.

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