São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Sepultura toca em Londres com ingressos esgotados

MARIA CRISTINA FRIAS
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM LONDRES

O Sepultura comemora o encerramento da turnê internacional deste ano com uma vitória especial: conseguiu finalmente dobrar os ingleses.
Pela primeira vez, os ingressos para os shows de Londres foram totalmente vendidos e, em alguns lugares, se esgotaram até um mês antes da chegada da banda brasileira de maior sucesso no exterior.
Rouco de tanto berrar nos 20 shows que fizeram pela Europa, o vocalista Max Cavalera falou à Folha algumas horas antes de subir ao palco para a última apresentação na Europa, na última segunda-feira.
Ele deu entrevista em um dos ônibus da excursão que tinha uma singela arvorezinha de Natal. "O motorista sabe que eu tenho crianças", disse Max.
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Folha - Qual o balanço da turnê?
Max Cavalera - A gente tocou em lugares legais. Na Holanda, um dia depois da gente, o Kiss tocou na mesma casa, um lugar para 9.000 pessoas. Para nós foi uma surpresa, porque foi a primeira vez que deu pra fazer uma turnê em lugar grande, com a produção inteira, som e iluminação da gente, cenário bem legal.
Foi um grande passo, os ingressos se esgotaram com antecedência. No ano que vem, além da Europa, vamos para Israel, África do Sul e Malásia.
Folha - Há quem diga que o som de vocês mudou para algo mais comercial...
Cavalera - Acho que o som ficou mais pesado, mas ao mesmo tempo, com a percussão com o Carlinhos Brown, mais acessível. Mas não comercial como o do Metallica, que foi para um lado mais pop, de balada. Vendeu mais disco, mas continua aquela agressividade.
Folha - Quanto vendeu o último álbum, "Roots"?
Cavalera - Vendeu 1 milhão só na Europa. Para esse tipo de música foi considerado extraordinário. Não é um disco pop, grunge ou hip hop. Foi surpresa vender tanto.
Folha - Vocês já preparam um disco novo?
Cavalera - Só no meio do ano que vem. Já escrevi umas 15 músicas, principalmente depois da morte do filho da Glória, minha mulher. Descobrimos que ele foi assassinado. Fiz letras relacionadas com isso, com os problemas que você tem com o visual. Quando a polícia viu que ele tinha vários piercings e tatuagens, encerrou o caso, sem investigar. Julgam o livro pela capa.
Folha - E a turnê pelo Brasil?
Cavalera - A gente quer encerrar a turnê no Brasil, antes do meio de 97. A idéia é fazer um show ao ar livre, para 50 mil pessoas, de graça, por todo o país.
Folha - Rock tem que ser cantado em inglês?
Cavalera - A gente toca música em português. Mas, em inglês, todo mundo entende. Minha mulher acha que, desde Bob Marley, que nem é rock, não teve nenhum fenômeno do Terceiro Mundo como o Sepultura. Tocar em todos os lugares, ingressos esgotados... É porque resolvemos cantar em inglês.

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