São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 1996
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Guerrilha faz mais de 200 reféns no Peru

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um grupo de 23 guerrilheiros de esquerda invadiu a casa do embaixador japonês no Peru durante uma festa e tomou mais de 200 pessoas como reféns.
Entre as pessoas que estão impedidas de sair da casa de Mosihira Aoki estão o embaixador do Brasil, Carlos Luiz Coutinho Perez, e pelo menos outros 14 embaixadores.
Os guerrilheiros, do grupo de inspiração cubana Movimento Revolucionário Tupac Amaru, ameaçam matar os reféns um por um.
Os guerrilheiros entraram no prédio pouco depois do início da festa em comemoração ao aniversário do imperador Akihito.
Havia na festa cerca de 600 pessoas, segundo o Ministério das Relações Exteriores do Japão.
Os guerrilheiros, liderados por Mestor Cerpa Evaristo, o "comandante Evaristo", lançaram um projétil contra o muro externo da casa na noite de anteontem e entraram pelo buraco formado.
Chegando na casa, segundo a versão policial, eles se juntaram a outros guerrilheiros que haviam entrado disfarçados de garçons, escondendo munição em arranjos de flores e num bolo de Natal.
O Japão negou que tivesse havido falhas na segurança da casa.
Os guerrilheiros fizeram todos os convidados deitar ao chão e iniciaram um tiroteio com seguranças do local. Pelo menos um guerrilheiro e dois reféns ficaram feridos, segundo informações de embaixadores reféns que se comunicaram com suas famílias.
"Queremos falar com Fujimori. Queremos a libertação dos mais de 400 guerrilheiros que estão na prisão", disse o "comandante Emilio Huertas", desde a casa no bairro de San Isidro, em Lima.
Além da libertação dos guerrilheiros detidos, os sequestradores pediram para serem levados à selva com alguns dos reféns, mudanças na economia do país e o recebimento de um imposto de guerra.
O presidente do Peru, Alberto Fujimori, nunca falta à festa de aniversário do imperador, mas havia se atrasado por causa de uma viagem. Os terroristas exigem que ele atue diretamente na negociação.
Ainda anteontem, os guerrilheiros começaram a libertar cerca de 80 idosos e mulheres, entre eles a mãe e a irmã de Fujimori e a mulher de Perez, Esther. Em uma carta enviada por fax a residências de reféns e assinada por diplomatas, eles disseram manter 490 reféns.
Os guerrilheiros deram um ultimato às 12h de ontem (15h em Brasília), dizendo que matariam o chanceler peruano em 20 minutos se não fossem atendidos. O prazo acabou, mas nada aconteceu, só quatro pessoas foram libertadas.
Mais tarde, no início da noite, foram libertados três embaixadores, de Alemanha, Canadá e Grécia. Eles saíram para promover mediação entre governo e guerrilheiros. À 0h30 (hora do Brasil), um homem idoso foi solto.

LEIA MAIS sobre a tomada de reféns no Peru da página 12 à 15

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