São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Diferença crescente

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

A situação de reféns, como descreve a CNN, eufemisticamente, ganhou ares de crise mundial.
O presidente dos Estados Unidos deixou de lado o silêncio e apareceu na televisão para apoiar o governo peruano, dizer-se muito preocupado e aconselhar:
- Quanto menos se disser, melhor...
O presidente do Conselho de Segurança das Nações Unidos entrou ao vivo, reagindo como quase todos os políticos, em situações de crise mundial -esperando a CNN sinalizar que estava ao vivo, para o mundo. Um trecho:
- Os membros do conselho condenam vigorosamente a tomada de reféns por elementos terroristas...
Ele insistiu vigorosamente em firmar a expressão "terroristas" contra a mais ouvida até então, "guerrilheiros" -na própria CNN, a qual, aliás, mandou a Lima o correspondente de Paris.
Guerrilheiros ou terroristas, o que não é simples questão semântica, e com ou sem simpatia internacional, o episódio vai fazendo pensar a "comunidade internacional", na expressão do Conselho de Segurança, ontem.
O questionamento da ação é menor do que o esperado. Representativo disso é o diálogo entre um âncora da CNN e o professor de uma universidade americana, em busca das causas da ação:
- Muitos grupos de diversas tendências políticas e até governos começaram a condenar o neoliberalismo como o causador da diferença crescente entre ricos e pobres na América Latina...
- Certamente. O neoliberalismo cria tal divisão profunda também nos Estados Unidos, onde a classe média está diminuindo. A globalização, a difusão do modelo neoliberal, está trazendo consequências negativas. Naturalmente, mais para o Peru.
"Naturalmente", tanto para o Peru, quanto para o Brasil de Fernando Henrique.

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