São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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BB deve culpar funcionário por lista

CARI RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco do Brasil informou anteontem ao funcionário Plínio Gonçalves Dutra que a auditoria para apurar o vazamento de informações de contas bancárias do PPB foi concluída e que ele foi apontado como o responsável pela quebra de sigilo bancário.
A informação é do presidente da Anabb (Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil), Valmir Marques Camilo, que está acompanhando o caso.
Dutra não teria informado a Camilo porque foi considerado culpado pelo vazamento da lista com a movimentação bancária de políticos do PPB.
Segundo Camilo, Dutra nega que tenha vazado os dados da lista e diz que só cumpriu ordens de Vânia Lucena, assessora do coordenador-chefe da assessoria parlamentar do BB, Waldemar Júnior, para adicionar outros nomes e dados no disquete com as informações.
Camilo disse ter ouvido de Dutra -funcionário da assessoria parlamentar do BB- que a lista contém aproximadamente 200 nomes de políticos de todos os partidos.
Amigo de Waldemar Júnior, Dutra acha que ele teria colocado seu nome entre os suspeitos porque sabia de sua ligação de amizade com o advogado do PPB Ronald Christian Bicca.
Prisão preventiva
Depois de três dias de depoimentos aos auditores do BB, ontem Dutra foi chamado novamente ao banco, mas não compareceu à convocação.
A assessoria jurídica da Anabb acredita que o BB exigiria de Dutra um pedido de demissão por suposta quebra do sigilo bancário.
Como existe a possibilidade de a Polícia Federal ser acionada para investigar o caso, a Anabb teme que Dutra tenha sua prisão preventiva decretada.
A intenção dos advogados de Dutra, segundo Camilo, era entrar com um pedido na Justiça para obtenção de um habeas corpus preventivo, mas houve desistência porque não havia nenhum pedido encaminhado pelo BB.
Desaparecido
Camilo afirma que Dutra não está desaparecido, o que é confirmado pelo BB.
Segundo Camilo, Dutra só comparecerá ao BB com o pedido de habeas corpus, mesmo que o resultado da auditoria interna só tenha o poder de provocar demissão por justa causa. O BB negou que a auditoria esteja concluída. Segundo a assessoria de imprensa, não existe qualquer decisão sobre pedido de prisão preventiva.
Dutra foi afastado de suas funções no dia último dia 16, juntamente com o secretário-executivo do BB, Manoel Pinto, segundo homem do banco depois do presidente, Paulo César Ximenes, e com o coordenador-chefe de Assuntos Parlamentares do banco, Waldemar Júnior. O prazo para encerramento da auditoria termina hoje.
A lista do Banco do Brasil veio à tona após denúncia de parlamentares do PPB que o governo preparou dossiê com a situação bancária de oito parlamentares do partido para pressionar que votassem a favor da reeleição.

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