São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Empresas ajudam educação em Alagoas

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Alagoas é o Estado com maior número de municípios beneficiados pelo programa Alfabetização Solidária. O programa integra empresas privadas, universidades, prefeituras e governo federal e pretende alfabetizar, a partir de janeiro, 9.150 jovens em 38 municípios do Norte e Nordeste.
Destes, 13 estão em Alagoas. Segundo o Ministério da Educação, o Estado tem o pior ensino público do país. Os salários dos professores estão atrasados até nove meses, há falta de treinamento para o corpo docente e a greve de professores completou ontem 107 dias.
A inclusão no projeto é considerada um sinal de "esperança" pelos educadores locais.
Entre os 50 municípios com maior índice de analfabetos com 17 anos ou mais, 15 estão no Estado. Todos têm índices que variam de 54% a 79% de analfabetos.
O projeto Alfabetização Solidária foi lançado anteontem pelo ministro Paulo Renato Souza (Educação) e pela primeira-dama Ruth Cardoso, que preside o Comunidade Solidária.
Serão treinados em janeiro alunos de 8ª série do 1º grau ou do 2º grau, que se tornarão alfabetizadores e darão cursos de cinco meses. As empresas vão arcar com o pagamento de bolsas, refeições e hospedagem dos coordenadores e alfabetizadores durante o treinamento e pelas refeições dos alunos.
Ano letivo
Em Alagoas, vai atingir municípios pequenos, localizados no sertão e na Zona da Mata, onde estão os piores indicadores sociais.
É o caso de Porto de Pedras (100 km de Maceió). Os cerca de 250 professores não recebem salários há sete meses e estão em greve há dois. "A situação é muito difícil. Cheguei a fechar a prefeitura. Mas o protesto não resolveu. Nunca recebi ajuda nenhuma dos governos do Estado e federal", afirmou o prefeito Dorgival Moura (PSC).
Os professores e servidores da educação têm nove folhas salariais a receber. A greve obstruirá o ano letivo de 94 mil alunos.
Os grevistas, que somam quase 50% dos professores, prometem voltar ao trabalho se o governo pagar até segunda-feira o 13º salário de 95 e o salário de julho passado.
"Só assim poderemos completar o ano letivo. Depois, é impossível, porque os grevistas vão se alistar no Programa de Demissão Voluntária, o que ampliará o caos na educação alagoana", diz o presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas, Milton Canuto.
Em 92 e 93, nenhum aluno matriculado na rede estadual de ensino concluiu o ano letivo.

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