São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996 |
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Aluno decide se vai fazer recuperação
DA REPORTAGEM LOCAL A Secretaria da Educação de São Paulo desconhece o número de alunos de que pretende evitar a reprovação nas escolas da rede pública estadual.O órgão estabeleceu, anteontem, um curso de recuperação durante o mês de janeiro para os estudantes do 1º grau que não conseguiram passar de ano. O texto da resolução diz que a medida visa a "evitar reprovações e evasões", pois a repetência "acarreta perda de auto-estima e motivação para o aprendizado". A decisão de fazer a recuperação, porém, caberá ao próprio aluno. Por isso, segundo a assessoria de imprensa da secretaria, não há previsão de quantas pessoas serão beneficiadas. Ainda assim, começou ontem o processo de inscrições para professores interessados em lecionar nos cursos de recuperação. Eles podem ou não ser ligados à rede estadual de ensino. A secretaria não sabe quantos profissionais serão utilizados, nem o montante de verbas a empregar. Reação Também ontem, as escolas começaram a elaborar suas listas de repetentes e a entrar em contato com os alunos. As relações dos interessados em cursar a recuperação serão enviadas às respectivas delegacias de ensino. Entre os professores e diretores de escolas, entretanto, o clima era de descontentamento. "A revolta é total. Tudo aconteceu muito em cima da hora. Os professores ficaram chocados. Como fica a situação de um professor que vê aprovado um aluno que ele reprovou?", disse a diretora de uma escola, que optou por não ter seu nome publicado. "Estamos de mãos atadas", declarou uma professora do mesmo colégio. "Quem fica desmotivado é o professor. Vão colocar professores alheios ao processo pedagógico para avaliar os alunos", afirmou Roberto dos Santos, diretor de assuntos educacionais da Apeoesp (sindicado dos professores). "A secretaria não discutiu o projeto com nenhuma entidade de ensino e o adotou quando toda a avaliação já tinha sido feita. Mudou a regra no final do jogo", disse. Segundo Santos, a resolução contraria a lei, que prevê que o aluno só pode ficar em recuperação em duas matérias, no máximo. "A resolução não fala em número de matérias e não leva a assiduidade dos estudantes às aulas em consideração", acrescentou. "Concordamos que a evasão é um problema. Mas a solução é investir em qualidade de ensino. Como eles querem dar auto-estima aos alunos se os colocam para estudar em contêineres e em escolas sem água?", disse Santos. Texto Anterior: BM&F aplica R$ 1,5 mi em cursos para jovens Próximo Texto: Empresas ajudam educação em Alagoas Índice |
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