São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Zagallo e o Grêmio

JUCA KFOURI

Se o cara leitor prestou atenção aos detalhes da seleção do Brasileirão feita por esta Folha, notou que o goleiro Jean, do Bahia, teve apenas um voto.
Pois fui eu quem votou nele. Jean me encantou em todos os jogos que vi do Bahia e bem sei que um goleiro atrás de certas zagas menos competentes tendem a aparecer mais que os que têm uma boa defesa à sua frente.
Seja como for, fosse eu o técnico da seleção brasileira, daria uma chance a Jean.
É claro que não reclamo de Zagallo por não pensar igual.
Não reclamo nem mesmo de Zagallo ter declarado que o Grêmio tem um bom conjunto, mas que, individualmente, seus jogadores são inferiores aos que eles tem convocado.
É perfeitamente possível mesmo que um time forme um ótimo conjunto e seja campeão de um país tendo, por exemplo, um grupo composto apenas pelos terceiros melhores jogadores em cada posição, ou seja, sem nenhum na equipe nacional.
Quem sabe seja esse o caso do Grêmio.
Mas gostaria muito que Zagallo pudesse demonstrar que o capitão Adílson, provado e aprovado em diversas decisões de títulos, é apenas o terceiro brasileiro na posição.
Admito que Carlos Miguel possa estar em tal situação e tenho certeza absoluta de que Paulo Nunes não está.
Desconfio, finalmente, que estejamos diante de mais um caso típico da soberba zagalliana, a mesma que o leva a dizer que o esfalfado time da Bósnia jogou apenas para se defender -como, aliás, se fosse novidade- e não reconhece a pálida atuação brasileira em Manaus.
O pior é que ele dirá que o Brasil permance em primeiro lugar no ranking da Fifa (e eu dou um doce para quem for capaz de entender os critérios fifais) e que a nossa seleção perdeu apenas 3 dos 30 jogos feitos neste ano.
Como já mostrou uma bela campanha da agência W/Brasil para a Folha usando Adolf Hitler como mote, é possível dizer uma grande mentira apenas com verdades.
Porque o Brasil perdeu exatamente os jogos que não poderia perder: a decisão da Copa de Ouro diante do México (embora com uma seleção chegando de férias); a estréia nos Jogos Olímpicos para o Japão (!!!!), quando perdeu também a confiança; e a semifinal dos mesmos Jogos para a Nigéria.
Como, no ano anterior, perdera a decisão da Copa América para o Uruguai.

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