São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Jazz salva superficialidade de 'Kansas City'

MARIA CRISTINA FRIAS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Kansas City não é nenhum "Nashville". Mas também não chega a ser a bobagem que foi "Prêt-à-Porter", último filme de Robert Altman, que tratava dos bastidores do mundo da moda.
Sem muitas das virtudes de uma grande obra e sem muitos dos defeitos de um fiasco cinematográfico, "Kansas City" fica entre os dois extremos, mas com um trunfo: a música. O filme parece uma contínua jam session de jazz, intercalada pela história.
Uma operadora de telégrafo (Jennifer Jason Leigh) sequestra a mulher (Miranda Richardson) de um influente assessor (Michael Murphy) do presidente Roosevelt, no dia das eleições para prefeito.
O objetivo é fazer com que o político use o seu poder para pressionar o gângster negro Seldom Seen (Harry Belafonte), proprietário de um clube de jazz, a soltar o marido dela (Dermont Mulroney).
Ele foi pego pelos capangas de Seldom por ter assaltado um de seus clientes e, o pior, com maquiagem para se passar por negro.
Altman mostra a sua cidade de origem, nos anos 30. Terra sem lei, racista, embalada por alguns dos nomes mais importantes do jazz: Charlie Parker e Lester Young.
Eles aparecem no filme trazendo um tipo de competição jazzística, representados por bons músicos do gênero como Joshua Redman.
Não é apenas a música que é boa. Direção, cenários e figurinos são impecáveis. Um dos maiores problemas do filme, porém, é a atuação dos protagonistas, principalmente Jennifer Jason Leigh. Com uma voz irritante, ela não interpreta. Faz a caricatura de um tipo.
Miranda Richardson tem altos e baixos e Harry Belafonte acrescenta mais um vilão com a voz rouca à galeria de gângsteres do cinema.
Mas o filme sobrevive apesar dos personagens, da trama, de uma certa superficialidade, da redundância em algumas cenas. Como em memórias, valem mais a nostalgia, a atmosfera, as sensações.

Filme: Kansas City
Produção: EUA, França, 1995
Direção: Robert Altman
Com: Harry Belafonte, Jennifer Jason Leigh, Miranda Richardson, Michael Murphy, Dermont Mulroney Quando: a partir de hoje, nos cines Espaço Unibanco (sala 1) e Lumière 1

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