São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
Próximo Texto | Índice

BARBÁRIE TERRORISTA

A bárbara e inaceitável ação de guerrilheiros do Movimento Revolucionário Tupac Amaru na capital peruana, Lima, serve para lembrar ao mundo que, apesar da nova ordem política surgida depois da Guerra Fria e da recente solução de muitos conflitos pelo globo, o terrorismo ainda representa um perigo real e, como tal, não pode ser subestimado.
A queda do comunismo na Rússia e no Leste Europeu não arrefeceu apenas o conflito entre Oriente e Ocidente. Também provocou, numa espécie de "efeito dominó", o abrandamento de diversos conflitos. Facções árabes ou guerrilheiros latino-americanos que tinham na então União Soviética um suporte contra o que chamavam de imperialismo viram frustradas muitas de suas bandeiras. O fim de grande parte de suas atividades foi consequência natural.
Mas, mesmo com alguns conflitos solucionados, outros nascem, persistem ou ressurgem dentro do novo contexto. Dos fundamentalistas que agem na Argélia, no Egito ou na Europa aos enfraquecidos guerrilheiros latino-americanos, ainda há provas de que o terrorismo continua travando sua guerra permanente.
O presidente peruano, Alberto Fujimori, obteve significativa popularidade depois de, aparentemente, desestabilizar os grupos guerrilheiros Sendero Luminoso, maoísta, e Tupac Amaru, de inspiração castrista.
Com sua operação na embaixada japonesa, o Tupac Amaru conseguiu boa parte do que queria: mostrou ao mundo que ainda não está totalmente derrotado. A ação em Lima também envia a todos os países que enfrentaram o terrorismo num passado recente um sinal de preocupação em relação a grupos que estão, oficialmente, fora de combate.
Logicamente, há quase sempre explicações econômicas ou sociais para o surgimento de organizações guerrilheiras que dizem defender a população menos favorecida. Nesse ponto, as dificuldades enfrentadas pelos países do Terceiro Mundo ainda servem de pretexto para que grupos armados apareçam.
Mas é imperativo, principalmente para as jovens e frágeis democracias em todo o mundo, que ações terroristas sejam repelidas veementemente. O combate às injustiças sociais e o desenvolvimento político pressupõem uma convivência pacífica entre os opostos. O mundo mudou, mas esse vital desafio permanece.

Próximo Texto: A MORAL DOS ESQUELETOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.