São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 1996
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Apologia da delinquência; Partes do mesmo esquema; Vidente....; Desmanche do ensino; Rombo previsível; Violência à venda; Conivência; Boas festas

Apologia da delinquência
"Os Grupos Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco vêm a público esclarecer suas posições com relação ao lamentável fato ocorrido em 10/12 durante o sepultamento de Leonardo Pareja.
Discordamos completamente da atitude do sr. Valdomiro Batista, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais de Goiânia, e queremos esclarecer que, para nós, tal postura significa a apologia da delinquência.
Essas três entidades de direitos humanos foram as primeiras a se organizar, há 11 anos.
Existem atualmente várias outras entidades de direitos humanos em outros Estados com o mesmo nome: Tortura Nunca Mais. Entretanto, cada grupo é autônomo e responsável por suas atitudes e não há uma coordenação nacional."
Cecília Coimbra, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais/RJ (Rio de Janeiro, RJ)

Partes do mesmo esquema
"Engana-se o colunista Luís Nassif ao analisar em 12/12 a crise entre a bancada do PPB e o prefeito eleito Celso Pitta. Pitta não estava sozinho e nem vai se indispor com os anões da Câmara, assim como Maluf nunca se dispôs a enfrentá-los.
O que de fato ocorre é que Pitta, Maluf e os vereadores do PPB são partes de um mesmo esquema político que se mantém no poder na cidade de São Paulo.
Jamais esses vereadores teriam votações tão elevadas se não houvesse o esquema fisiológico que lhes garante indicações nas Administrações Regionais e nas chefias do PAS.
Por outro lado, Maluf não teria projetos questionáveis aprovados com tanta facilidade na Câmara, como foi o caso das obras viárias, com preços muito acima do normal.
O conflito atual não passa de uma repactuação do poder, de onde provavelmente sairá uma nova condição de relacionamento entre eles.
Quanto aos 'homens de bem' da Câmara, realmente devem se unir para exercer aquilo que é seu dever: fiscalizar a atuação do Executivo de forma rigorosa. E não firmar 'pactos de governabilidade' com Pitta."
Carlos Zarattini, primeiro suplente da bancada do PT na Câmara Municipal de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luís Nassif - As práticas apontadas pelo vereador já foram objeto de diversas denúncias da coluna. Mas como se vai ignorar o fato concreto e objetivo de que Pitta está enfrentando os anões, ao preço da aprovação da CPI contra Maluf? "Pacto de governabilidade" não significa adesão e muito menos abrir mão da fiscalização do Executivo. Significa acordo em bases elevadas, visando colocar os interesses da cidade acima dos interesses partidários. É apenas o exercício civilizado da democracia.

Vidente....
"Se insistirem em desvendar a autoria da lista do PPB/Banco do Brasil, se as investigações forem a fundo e pra valer, vai sobrar para a mãe Dinah."
Oswaldo Catan (São Paulo, SP)

Desmanche do ensino
"Venho acompanhando, com crescente indignação, a sequência de reportagens em que a Folha se faz conivente com o governo brasileiro no processo de desmoralização e desmanche do ensino superior público do país.
Minha revolta atingiu o auge quando o ministro da Educação, Paulo Renato, declarou que 'nenhum professor em universidade pública dá mais que seis horas de aulas semanais'.
É tão óbvio que se trata de uma inverdade que me espanta os senhores redatores, ainda assim, darem a tal afirmativa destaque indevido, com o título: 'Professores precisam dar mais aulas'.
Como professora universitária em uma instituição federal onde a média de horas-aula se situa em torno de 10 horas/aula por professor, bem acima portanto do 'teto' estabelecido pelo sr. ministro, sinto-me agredida, ofendida, humilhada e, principalmente, profundamente injustiçada por tal declaração."
Mariza Waki, da Escola Federal de Engenharia de Itajubá (Itajubá, MG)

Rombo previsível
"Induzido a erro pelos burocratas do Ministério da Saúde, o novo ministro da Saúde, Carlos César de Albuquerque (18/12), cometeu o equívoco de (des)informar que o gasto federal na saúde é de R$ 88 por habitante, resultado, é claro, da divisão do orçamento de 1995 -R$ 13,9 bilhões- por 157 milhões de habitantes.
Porém, considerando não o orçado, mas sim o dispêndio real do Ministério, R$ 14,9 bi, a conclusão de que o gasto federal por habitante atingiu R$ 94,90 é aritmeticamente óbvia.
Assim, a dotação orçamentária para 1997, de R$ 10 bilhões, só conta com R$ 6 bi de 'fontes asseguradas', já estando (in)devidamente programado o enorme rombo de R$ 4 bilhões no pagamento de prestação de serviços médico-hospitalares para o próximo ano.
Ou o novo ministro remaneja o orçamento, brigando com os burocratas, ou faz como seus antecessores, luta contra os contribuintes por outra 'CPMF', numa guerra sem fim contra a sociedade civil."
Marx Golgher, coordenador da Câmara de Recursos Financeiros do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais, membro do Conselho Regional de Medicina (Belo Horizonte, MG)

Violência à venda
"Entristeceu-me quando, ao receber o exemplar do jornal de 10/12, deparei com a primeira página.
Bem no seu centro, duas reportagens de cunho violento e sensacionalista: 'Pareja é morto a tiros na prisão' e 'Brindes de Natal'. Fotos coloridas, chamativas, mostrando um cadáver e papais noéis recheados de maconha...
Será que vender violência não pode sair pela culatra?
Já pensaram naqueles garotos de rua que, ao 'sapearem' um jornal exposto na banca, vêem um sequestrador (seu ídolo) e saquinhos de maconha (seu objeto do desejo) ali estampados? O que irão imaginar?"
Rogério Marasco (São Paulo, SP)

Conivência
"Mais uma vez o senhor presidente da República deverá convocar o Congresso Nacional para sessão extraordinária, para que entre outras matérias vote o Orçamento Fiscal do exercício de 1997.
Nós, simples mortais leigos em matéria de direito constitucional, ficamos perplexos diante da incompetência, omissão e conivência dos poderes da República, que não se atêm a fazer cumprir o mandamento constitucional que determina que não pode o Congresso Nacional encerrar a sessão legislativa sem a devolução do projeto de lei orçamentária devidamente aprovado."
Eduardo Barbosa (São José do Rio Preto, SP)

Boas festas
A Folha agradece e retribui as mensagens de boas festas que recebeu de: Edinho Araújo, deputado federal (Brasília, DF); Associação dos Fumicultores do Brasil (Santa Cruz do Sul, RS); Adayr Mafuz Saliba, diretor do Zoológico de São Paulo (São Paulo, SP); Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de Araçatuba e Região (Birigui, SP); Pinho Administração de Bens S/C Ltda. (São Paulo, SP); W. Roth S/A Indústria Gráfica (Guarulhos, SP); Caetano Miranda e Enio B.M. Finochi, da Academia Brasileira de Arte Mágica (São Paulo, SP); Escola Técnica de Eletrônica "Francisco Moreira da Costa" (Santa Rita do Sapucaí, MG); Primarca Veículos S/A (São Caetano do Sul, SP); Computertots do Brasil (Curitiba, PR); Alexandre Barros Castro & Douglas Mondo -Advogados Associados; Conselho Comunitário de Segurança Pública de Jundiaí (Jundiaí, SP).

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