São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Envolvido no esquema diz que entrou como "laranja"

FRANCISCO CÂMPERA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Membro do esquema paralelo de venda de concessões de FMs, Rubinaldo Cabral dos Santos, conhecido como Biná, afirmou ontem que entrou na história como "laranjão".
Em conversa telefônica reproduzida na edição de ontem da Folha, Biná deu detalhes do esquema e disse que cobraria um acréscimo de R$ 10 mil por concessão de rádio, além dos R$ 50 mil cobrados por Naura Beatriz Severo, coordenadora de um grupo de lobistas.
Ele não sabia, nessa conversa gravada, que estava falando com a reportagem da Folha. O repórter se identificou como um interessado em comprar uma concessão.
Ontem, ao voltar a falar com a reportagem, ele disse que "havia falado por" um tal de Luís, a quem gostaria de ajudar, pois estaria passando dificuldades financeiras.
Biná afirmou que conheceu essa pessoa por meio do ex-deputado paranaense José Felinto.
Apesar de querer ajudar o amigo, ele disse que não sabe o telefone nem o sobrenome de Luís. "Ele é quem me liga sempre."
Afirmou que conheceu o ex-deputado José Felinto há cinco meses quando foi fazer uma reforma na casa dele. "Sou um pequeno empreiteiro da construção civil, não conheço nada de telecomunicação e nunca fui a Brasília."
A ligação entre Biná e Felinto se tornou forte a ponto de o ex-deputado convidá-lo para ser diretor da Federação dos Usuários de Transportes Coletivos de São Paulo.
Biná disse ser apenas um "simples" membro da Igreja Renascer. Na conversa gravada pela Folha, Biná contou que havia vendido dez concessões para a igreja.
Ontem, ele disse que foi Luís quem o orientou sobre como obter uma concessão de rádio. "Não posso nem falar pela igreja."
A Folha também falou ontem com Luís. A reportagem conseguiu o telefone por meio de Felinto. Luís negou qualquer ligação com Biná. "O que é isso? Não conheço ninguém das pessoas que foram citadas na reportagem."
Luís, que não quis dar o seu sobrenome, disse que é corretor de imóveis e que vende transmissores para emissoras. Afirma que Biná quer "jogar a culpa" sobre ele.
"Eles, que têm esses problemas, que resolvam."
Acha que Biná ficou desesperado e o envolveu na história. "Estou chocado."
Disse que conhece o ex-deputado há quatro anos, quando indicou a compra da Rádio Melodia (FM), em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba/PR).

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