São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Malan diverge de Motta no uso de verbas

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, disse ontem que caberá ao presidente Fernando Henrique Cardoso decidir se os recursos da privatização de estatais poderão ser usados para investimentos.
"Se há duas posições, alguém terá de arbitrar entre elas. E essa pessoa é o presidente da República", afirmou Malan ao ser questionado sobre proposta defendida há duas semanas pelo ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
Ao divulgar as regras de privatização das empresas de telecomunicação, Motta defendeu o uso de parte dos recursos obtidos para investimentos, e não apenas para pagar dívidas.
"Não é correto pegar a totalidade de recursos da privatização e usar em investimentos", afirmou Malan sem citar o nome de Motta. O que está em discussão, disse, é a economia que haverá com juros.
Ao usar os recursos da privatização para pagar dívidas, o governo reduz o volume de juros pagos. "É uma economia permanente", disse o ministro. "Não faz sentido se desfazer de ativos (no caso, estatais) e financiar gastos correntes."
Malan disse que o dinheiro economizado com o pagamento de juros poderia ser usado depois para constituir um fundo para investimentos. "Em um primeiro momento, o dinheiro deve ser usado para abater dívida pública".
Balanço
Durante café da manhã com jornalistas, Malan fez um balanço positivo do Plano Real em 1996. Disse que a inflação neste ano foi baixa e que no próximo ano deverá ficar em 7% na média dos institutos de pesquisa.
"Não vamos abrir mão de manter a inflação sob controle. Isso significa um dígito daqui para a frente", afirmou. Segundo ele, não há contradição entre isso e crescimento econômico, que calcula em 5% em 1997.
O PIB (Produto Interno Bruto) mede as riquezas produzidas no país. Segundo ele, o PIB brasileiro deverá chegar a US$ 800 bilhões no próximo ano. E deve crescer mais 5% em 1998, afirmou o ministro.
O objetivo do governo com as políticas que vem adotando, segundo Malan, é melhorar as condições de vida da população brasileira. "Isso não se faz num estalar de dedos. Quem afirma isso é um charlatão", comentou.
Imposto inflacionário
O ministro disse que o Plano Real trouxe diversos benefícios para as pessoas com baixa renda. Com o fim do imposto inflacionário, o poder de compra dessas pessoas aumento, afirmou.
Malan defendeu a reforma constitucional da Previdência Social e falou que o ajuste de contas públicas envolve Estados e municípios, além do governo federal.

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