São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Fazendeiros dizem que novo ITR não muda nada

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM (PA)

Fazendeiros do sul do Pará disseram que as novas alíquotas do ITR para áreas improdutivas não vão mudar a estrutura fundiária nem diminuir os conflitos no campo.
"A terra improdutiva só vai mudar de mãos. O governo pode confiscar os latifúndios em cinco anos, mas não terá competência para assentar famílias sem terra", disse o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Parauapebas, Geraldo Milton Soares.
O sindicato reúne produtores de Parauapebas (630 km ao sul de Belém), Curionópolis, Eldorado do Carajás e Canaã dos Carajás -municípios vizinhos. A região foi palco do massacre de 19 sem-terra em Eldorado, em abril.
O fazendeiro Jeremias Lunardelli concorda com Soares e diz que o novo ITR não responde questões essenciais. "Faltam investimentos do governo, assistência para os grandes e pequenos e informações para um uso racional do solo."
"Vai haver uma avalanche de produtores querendo tornar a área produtiva a qualquer custo ou só fazendo cena para fugir ao elevado ITR", disse Lunardelli, referindo-se à possibilidade deixada pela nova lei de os improdutivos apresentarem projetos para tornar a terra produtiva em cinco anos e, nesse período, escapar da taxação.
Lunardelli declarou que paga R$ 14 mil pelo ITR dos 20 mil hectares avaliados improdutivos pelo Incra que tem no sul do Pará. Ele estima que, com a nova alíquota, vai pagar R$ 56 mil.

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