São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Alunos confiantes na aprovação já sentem saudades de casa

Terminam provas da Unesp; lista sai dia 7 de fevereiro

DA REPORTAGEM LOCAL

Terminou ontem, com a prova de língua portuguesa, composta de dez questões e uma redação, o vestibular da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
Além do privilégio de estudar numa universidade gratuita, passar na Unesp representa uma mudança radical na vida de grande parte dos estudantes, já que a maioria dos cursos é oferecida em cidades do interior de São Paulo.
Distância da família
Sair de casa, para alguns, significa liberdade, distância desejada da família. Para outros, um pesadelo. Saudades de casa, dos pais e da cidade grande são motivos de angústia.
"Para mim, será maravilhoso passar em Ribeirão Pires. É o melhor curso de medicina. Mas não sei se vou acostumar. Sou filha única, e meus pais têm de ir comigo", diz a candidata Cristiane Bertoldo Duarte, 19. Mas a mãe, Ana Maria, já decidiu: "Se minha filha passar, meu marido e eu vamos com ela para Ribeirão."
Por outro lado, Eduardo Nogueira Magri, 20, que tenta medicina, não vê a hora de se mudar para o interior. "Acho que vai ser uma experiência muito boa. Vou crescer pra caramba. Além disso, não aguento mais a violência e o trânsito da cidade."
"Aqui é muito estressante. No interior, além da calmaria, os caipiras são gente fina, mais sinceros", diz a candidata Ana Claudia de Oliveira Vissoto, 18, que presta para zootecnia.
Turma sossegada
Uma turma descontraída de carecas chamava a atenção na Faap (Fundação Armando Álvares Penteado), um dos locais de prova. Os seis amigos iam fazer a prova apenas para treinar para a segunda fase da Fuvest. Também foram aprovados na Mauá.
Comentário da prova
Segundo o professor Fernando Teixeira, do cursinho Objetivo, a prova de língua portuguesa de ontem foi trabalhosa, mas eficaz.
Ele ressalta que a prova da Unesp é diferenciada dos exames da Fuvest e Unicamp. "A universidade não exige leitura obrigatória, mas cobra do candidato uma análise de textos cuidadosa."
Teixeira apenas faz reparos em duas questões. "Uma questão pedia a diferença entre 'triste pastor' e 'pastor triste'. A pergunta dá margem a muita subjetividade, mas isso não invalida a questão."
Ele também lamenta a definição dada ao termo 'tragédia'. "A definição foi muito livre, sem nenhuma relação com o sentido clássico da palavra", afirma.
Quanto à redação, o professor afirma que faltaram dois dados nos textos que servem de apoio à questão. "Faltou a posição de algum médico analisando fisicamente as condições de uma menina de 12 anos ter relações sexuais e também algum comentário quanto à lei que protege o menor. Ou seja, os textos não permitiram um aprofundamento do tema."
Em suma, na opinião do professor, a prova, apesar de trabalhosa, cumpriu seu objetivo de avaliação com competência.

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