São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Tratado deve transferir irmãos que sequestraram Abílio Diniz

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um tratado de troca de presos, a ser assinado até junho de 1997 entre o Brasil e a Argentina, deverá assegurar a transferência dos dois irmãos argentinos que participaram do sequestro do empresário Abílio Diniz, em 1989.
Humberto e Horácio Enrique Paz foram condenados pela Justiça brasileira a 28 anos de prisão e estão no Carandiru. O acordo deverá garantir o cumprimento integral da pena, segundo informou o Ministério da Justiça.
Os canadenses que integram o grupo de dez sequestradores condenados -Christine Lamont e David Spencer- não têm previsão de transferência, apesar das pressões do Canadá pela formalização de acordo acertado há três anos.
Justamente em razão dessas pressões, o governo brasileiro teme que a Justiça do Canadá descumpra o tratado para permitir a redução da pena. Os dois canadenses também estão presos no Carandiru.
Há forte campanha da família dos dois sequestradores e da opinião pública do Canadá pela troca de presos. O lobby é exercido no Brasil por intermédio da embaixada do país, chegando a criar constrangimento no meio diplomático.
O principal argumento usado é a condição precária do sistema penitenciário brasileiro. A campanha explora o massacre do Carandiru, em outubro de 1992, que resultou na morte de 111 presos. Há pressão interna no Brasil contra a transferência dos dois canadenses, por receio de relaxamento da pena.
Os cinco chilenos que completam a lista dos nove estrangeiros condenados por participação no sequestro vão permanecer no Carandiru. O Brasil e o Chile não estão negociando acordo para a troca de presos.
Segundo o Ministério da Justiça, todos eles ocupam celas especiais no presídio. O décimo integrante do grupo é brasileiro.
A comissão de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) estimula a adoção desses tratados, por entender que o retorno ao país de origem favorece a reintegração social, assegurando, por exemplo, proximidade da família.

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