São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Juros da dívida influem mais que balança comercial

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A meta do governo só foi cumprida devido a duas alterações feitas no cálculo do PIB. Sem elas, o déficit já estaria em cerca de 3,49% do produto.
As transações correntes resumem as operações do Brasil com o exterior. De janeiro a novembro, os gastos do país superaram as receitas em US$ 19,333 bilhões.
O item mais lembrado das transações correntes é a balança comercial (diferença entre as importações e exportações), que acumula déficit de US$ 3,753 bilhões.
Mas o principal responsável pelo déficit das transações é o gasto com juros. Em 96, o país já pagou US$ 11,304 bilhões em juros e só recebeu US$ 2,635 bilhões.
Essa despesa aumentou 16,06% até novembro deste ano, comparado a igual período de 96.
O turismo entrou no vermelho em US$ 3,210 bilhões. Até novembro, os turistas brasileiros gastaram US$ 3,961 bilhões no exterior, enquanto os estrangeiros trouxeram US$ 751 milhões ao país.
As despesas com turismo não incluem passagens áreas, consideradas nos gastos com transportes -outro item que pesa no déficit das transações correntes.
A diferença entre despesas e receitas de transportes já está em US$ 2,478 bilhões. Boa parte desse resultado negativo ocorre porque a frota naval brasileira é pequena.
O país obtém receitas de transporte sempre que exporta produtos com navios de bandeira brasileira. O gasto ocorre no comércio transportado por estrangeiros.
A remessa de lucros para o exterior chegou a US$ 3,097 bilhões, enquanto foram reinvestidos US$ 437 milhões. Assim, para cada US$ 7,08 de lucro remetido ao exterior, apenas US$ 1 é reinvestido no país.
O governo conta com o dinheiro que residentes no exterior enviam ao Brasil para reverter os déficits nas contas correntes. Mas a remessa caiu 27% até novembro, comparado a igual período de 95.
Os dekasseguis (residentes no Japão) reduziram o envio porque a moeda japonesa se desvalorizou cerca de 34,8% sobre o dólar, de junho de 95 a novembro de 96.
O governo aposta nos investimentos produtivos para tapar o buraco nas transações correntes. Foram US$ 7,657 bilhões até novembro. O resto é coberto com outros tipos de investimento externo.
As reservas em dólar do Banco Central subiram de US$ 57,325 bilhões para US$ 59,233 bilhões, considerando o dinheiro prontamente disponível. Com os títulos de longo e médio prazos, as reservas atingem US$ 60,471 bilhões.

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