São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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A semana foi do chileno Marcelo Salas

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o final de 1996 da seleção deixa dúvidas para 1997 e muitas angústias para 1998.
Se no gol remanescem incertezas, a dupla de zagueiros centrais é só sobressaltos, apesar das inúmeras experiências.
Na ala direita (uma tradição canarinha), Cafu continua Cafu, isto é, não melhora nos passes e nas assistências.
O meio-campo é outro mistério. Flávio Conceição se sai bem na varredura, mas é apenas regular na distribuição.
Zagallo sonha com Leonardo, enquanto seu número 1 continua número zero. E, para piorar as coisas, eles aprenderam a marcar o Ronaldinho.
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No Brasil, o vice é o equivalente ao nada. Menos no caso da Portuguesa, que deu nova dimensão ao papel do vice.
Candinho há de ser criticado por várias decisões no último jogo. Menos por uma. Podendo armar um sistema tático ultra-retranqueiro, e podendo valer-se, ainda, do antijogo para garantir a vantagem obtida, ele, não obstante, optou, eticamente, por entrar com um time ofensivo, em busca da digníssima vitória.
Ponto para o futebol.
*
Não há casuísmo nenhum. Em tempos passados, baseado na experiência americana com espetáculos esportivos, cheguei a defender fórmulas alternativas aos pontos corridos.
Mas, hoje, estou convencido de que ela é a ideal. Não para todas as competições futebolísticas, mas para o mais importante torneio do país.
Em primeiro lugar, por que a adoção dos pontos corridos não eliminará o mata-mata. Ele seria mantido nas Copas e nos torneios internacionais (e até nos regionais, na hipótese necessária de encurtá-los).
É mais democrático e mais racional que os dois sistemas convivam, produzindo os seus respectivos campeões (não raro, em boa fase, um mesmo time pode ganhar nos dois).
Depois, como o futebol é considerado como o mais imprevisível dos esportes coletivos, os pontos corridos servem como uma maneira de neutralizar um pouco os amplos efeitos da imponderabilidade nesta modalidade esportiva.
Além disso, não sou eu, mas a estatística que diz que, em uma série maior de confrontos, os fatores imponderáveis tendem a ser neutralizados. Note bem, tendem, porque enquanto o esporte, em qualquer modalidade, for humano, haverá surpresas. Felizmente.
*
Na noite do último domingo, enquanto ele, solitário cavaleiro do ataque chileno, dava um trabalhão danado para a defesa argentina, o Roberto Petri, na ESPN-Brasil, chamava a atenção para o seu futebol -ele dizia, também, que o River Plate dificilmente conseguirá impedir a sua ida para o futebol europeu.
Pois bem, três dias depois, ele voltava a impressionar os argentinos com os dois golaços que fez na vitória que deu ao River o título de campeão argentino por antecipação.
Nem do Ronaldinho nem do Chilavert: a semana, no futebol do Mercosul, foi do craque chileno Marcelo Salas.

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