São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Trilha piegas apela para tecnotango

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

Uma vez questionado sobre qual a causa de seus personagens serem tão bizarros, o escritor colombiano Gabriel García Márquez conjeturou: na América Latina eles existem assim mesmo, são reais. Ou seja, não precisam dos ingredientes usuais da ficção.
No continente onde toda hipérbole é desnecessária para a caricaturização, a representação de seus mitos no plano cultural quase sempre cai na pieguice.
É o que acontece com a trilha sonora de "Evita", que chega ao Brasil antes do filme, num lançamento da Warner.
São 19 faixas, arranjadas por Andrew Lloyd Weber, que conta com os vocais de Madonna (é claro), Antonio Banderas (argh!), Jimmy Nail e Jonathan Pryce.
A fórmula é básica para musicais românticos: baladas e trilha incidental. Como um pequeno épico, cada faixa traz um momento da vida de Evita: "Buenos Aires" narra o encontro da personagem com a cidade; "'Peron's Latest Flame", a derrocada do mito; "Don't Cry for me Argentina"...
Depois da primeira faixa, um réquiem barroco e redundante, vem "Oh, What a Circus", que cita uma levada flamenca, inspirada sabe-se lá em quê.
Um pouco de música new age sobre uma percussão inspirada em ritmos latinos orquestram-se com vocias numa sinfonia devidamente "globalizada" e artificial.
A versão de "Don't Cry..." é, guardadas as devidas comparações com as outras vozes que já a interpretaram, o destaque do álbum -mais por méritos da composição do que outra coisa. De qualquer forma, é onde Madonna sente-se mais à vontade, sem as pirotecnias do tecnotango que dá a tônica do resto do disco.

Disco: Evita
Artistas: Madonna, Antonio Banderas, Jimmy Nail, Jonathan Pryce
Lançamento: Warner
Preço: (R$ 20, o CD em média)

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