São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Produtos sobre o mito inundam a Argentina

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Quem consome Evita na Argentina são os turistas, os ratos de livraria ou os peronistas da velha guarda.
Para os primeiros, há postais, pôsteres e cassetes com discursos de Eva Perón. São vendidos em bancas e casas de música no centro de Buenos Aires ou na feira de antiguidades do bairro de San Telmo.
Um postal com a foto em preto-e-branco em que Eva Perón faz o típico gesto com as duas mãos erguidas custa US$ 1. Já o pôster e a fita valem entre US$ 5 e US$ 10.
Para o público leitor, aconteceram vários lançamentos neste ano sobre o tema. Até os diários de Evita foram reeditados depois de muitos anos. Chama-se "A Razão da Minha Vida" e custa US$ 19.
Outro lançamento foi o livro "Eva Perón", do médico espanhol Pedro Ara, que embalsamou o corpo da segunda mulher do presidente Juan Domingo Perón.
O livro foi escrito entre 1956 e 1960 e conta o caminho pelo exterior que o caixão com o corpo de Evita fez depois do golpe que derrubou o governo de Perón.
"E Agora Falo Eu" é mais uma publicação de testemunhas dos últimos anos do mito feminino.
O livro foi escrito por Lillian Lagomarsino, mulher de um político peronista e amiga íntima do casal Perón entre os anos 1945 e 1948.
O lançamento mais recomendado, porém, é "Eva Perón - A Biografia", livro escrito por Alicia Dujovne Ortiz que chegou a sua 6ª edição e 25 mil cópias vendidas.
As filmagens da superprodução norte-americana "Evita" em Buenos Aires, no início deste ano, suscitou uma onda de leilões com objetos relacionados à figura.
O primeiro aconteceu em abril, promovido a partir do patrimônio do costureiro preferido de Eva, Paco Jaumandreu. Dois vestidos foram comprados por US$ 20,5 mil.
Os compradores foram políticos peronistas. Mas o dinheiro conseguido foi decepcionante, já que no mesmo dia um lote de objetos do comediante argentino Alberto Olmedo superou o montante de Eva Perón.
Outro leilão será promovido pelo médico Gonzalo Pérez Roldán, que quer vender as amostras de sangue retirados de Evita em seus últimos dias.

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