São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Michael Douglas troca mulheres por leões

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Em entrevista à Folha, ator fala de seu novo filme, 'A Sombra e a Escuridão', que estréia no Brasil em janeiro

Com lançamento no Brasil marcado para 24 de janeiro, o filme "A Sombra e a Escuridão" ("The Ghost And The Darkness") traz o ator norte-americano Michael Douglas, 52, no papel de um durão e solitário caçador de leões.
Também produtor-executivo do filme, Douglas ajudou a divulgar o seu lançamento em vários países concedendo, anteontem, uma série de entrevistas via satélite, por circuito interno de TV, de um estúdio em Los Angeles (EUA).
Para o Brasil, falou exclusivamente com a Folha. Douglas já visitou o país e garante: "Sou um grande fã de música baiana. Amo samba, amo esse som brasileiro. É um grande prazer para mim". A seguir, trechos de sua entrevista:
*
Folha - Neste filme, você não tem o principal papel nem atua ao lado de uma mulher. O que o atraiu para fazer "A Sombra e a Escuridão"?
Michael Douglas - Nós, a Paramount Pictures, ficamos fascinados com o roteiro. Era uma história verídica. Ninguém podia explicar como dois leões mataram 135 pessoas antes de serem mortos.
Toda a história é sobre o colonialismo e a idéia de se construir uma estrada de ferro atravessando a África. Normalmente, faço filmes contemporâneos, e essa era a chance de fazer algo de um período diferente.
Folha - Foi difícil filmar na África, especialmente com muitos leões?
Douglas - Bem, há cem anos existiam muitos leões... Os únicos que tínhamos perto de nós eram os nossos, que importamos para a África. Nós tínhamos cinco leões, para fazer os dois do filme.
Trouxemos os leões quatro meses antes de o filme começar, para aclimatá-los e acostumá-los a trabalhar com cada um deles. Porque normalmente os leões não trabalham juntos. Parecido com os astros de cinema...
Folha - O que mais o impressionou na África?
Douglas - Foi estar na África do Sul. Ir à África do Sul depois do fim do apartheid e sentir a energia do país. Teve algo sobre o céu e o meio ambiente. Estivemos filmando em uma área preservada.
Ficar lá esperando entre as tomadas, olhando a correnteza do rio passar, zebras, sem nenhum medo, nos deu a sensação de estarmos em um mundo à parte. Todos que trabalharam no filme tiveram uma grande experiência.
Folha - É muito difícil para uma estrela, um símbolo sexual como você, ficar velho?
Douglas - (Risos) Não, desde que todos envelheçam comigo. Vou seguir o exemplo dos brasileiros, que em geral parecem não se preocupar com a idade.
Folha - Você já ouviu algo sobre o Brasil? Ou pensa que temos macacos nas ruas?
Douglas - (Risos) Não, estive no Brasil em 1976, em São Paulo, no Rio, na Bahia. Talvez eu volte no ano que vem. Foi maravilhoso quando estive aí.
Folha - Seria visita ou trabalho?
Douglas - Dessa vez seria para uma visita, mas, se pudesse achar um filme para fazer no Brasil, gostaria da oportunidade. É um país surpreendente. Leio quatro jornais por dia e acompanho o máximo que posso sobre o que acontece no mundo. Acho o Brasil um país muito excitante.

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