São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996
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Astrônomo Carl Sagan morre aos 62 anos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O astrônomo e divulgador científico Carl Sagan morreu ontem aos 62 anos, de pneumonia, depois de ter combatido por dois anos grave enfermidade na medula óssea, inclusive com um transplante.
Ele foi um dos maiores popularizadores de assuntos científicos da história. Dotado de inegáveis dons literários e de capacidade telegênica, ganhou um prêmio Pulitzer de literatura (em 1978) e três Emmys (o Oscar da TV) pela série de televisão "Cosmos", apresentada na rede pública de TV dos EUA.
Alguns colegas cientistas criticavam a "supersimplificação" de assuntos complexos realizada por ele para atrair o interesse e obter a compreensão dos telespectadores.
Mas todos reconheciam que, além de sua condição de "superstar", Sagan foi um astrônomo competente, com pesquisa original relevante, que ajudou a resolver problemas da especialidade.
Sagan foi um dos primeiros a demonstrar que o planeta Vênus, ao contrário do que acreditava a maioria dos astrônomos, não tinha condições de sustentar vida.
Nos anos 60, como um dos professores na Universidade Harvard, a melhor dos Estados Unidos, determinou que eram ventos, e não mudanças de vegetação, que explicavam formas brilhantes e escuras observadas em Marte.
Em 1968, por não ter conseguido uma cátedra em Harvard, Sagan aceitou convite da Universidade Cornell, em Ithaca, Nova York, também entre as melhores do país, onde montou o hoje famoso laboratório de estudos planetários.
Sagan teve longo processo de colaboração com a agência espacial norte-americana, a Nasa, desde que ajudou a conceber missões espaciais robotizadas nos anos 50.
A série de TV "Cosmos" lidava com grandes assuntos humanos, como a origem da vida, a evolução das galáxias e o cérebro humano.
A terceira mulher de Sagan, Ann Druyan, escrevia o roteiro dos programas com ele. Calcula-se que 500 milhões de pessoas em 60 países tenham assistido à série.
O livro que acompanhava os programas ficou 70 semanas na lista dos mais vendidos do jornal "The New York Times", 15 delas no primeiro lugar.
Sagan nasceu em Nova York, filho de um alfaiate que havia imigrado da Rússia. Apesar de seus pais não terem tido educação superior, Sagan dizia que eles o ensinaram o "saudável ceticismo" que considerava indispensável para a atividade científica.
Ele se formou em física e se doutorou em astronomia pela Universidade de Chicago. Entre seus assuntos preferidos estava o da possibilidade de vida extraterrestre. Sagan morreu em Seattle, em Washington, Costa Oeste dos EUA, onde se submeteu a transplante de medula em 1995.

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