São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996 |
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Possível ataque teria cooperação internacional
CHRISTOPHER BELLAMY
Ela só seria tentada se os bem-organizados sequestradores começassem a matar os reféns. O Peru tem sua própria força policial antiterrorista, altamente eficiente, a Dincote, ou Diretoria de Inteligência Contraterrorista. Comandada pelo general Antonio Ketin Vidal, a organização capturou o líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzmán, em 1993, e também o líder do Tupac Amaru, Víctor Polay Campos, em 1992. Agências européias e norte-americanas têm-se envolvido amplamente em assuntos sul-americanos devido à guerra contra os barões das drogas, e especialistas britânicos ajudaram a assessorar a polícia colombiana no resgate de um refém britânico neste ano. É muito provável que especialistas do SAS britânico, da Scotland Yard e do GSG-9 alemão já tenham chegado a Lima. O SAS tem experiência em resgatar reféns em circunstâncias bastante semelhantes às de Lima. Junto com a Scotland Yard, o grupo ganhou extensa experiência em negociações para a libertação de reféns. Os dois trabalham em estreito contato com a polícia, o que é particularmente importante na delicada situação de Lima. O GSG-9 (sigla em alemão de Grupo de Proteção de Fronteiras-9) é uma divisão da guarda de fronteiras da Alemanha. Sua ação mais famosa foi o ataque a um avião da Lufthansa sequestrado por terroristas alemães e palestinos na Somália, em 1977. Israel No ano anterior, em 3 e 4 de julho de 1976, comandos do Mossad -serviço secreto de Israel- resgataram um grande número de israelenses que haviam sido levados como reféns para Uganda. A França também tem uma notável unidade antiterrorista, o GIGN, divisão da Gendarmeria francesa. Difere das outras por ser usada contra o crime organizado na França e por estar subordinada ao Ministério do Interior. A Itália também tem uma unidade antiterrorista de elite, uma divisão dos Carabinieri. Ela saiu-se muito bem no resgate do brigadeiro Dozier, do Exército americano, que tinha sido sequestrado por terroristas nos anos 80. A unidade italiana não teve papel de destaque em operações internacionais desde então. A captura da casa do embaixador japonês apresenta paralelos notáveis com a captura da Embaixada da República Dominicana em Bogotá (Colômbia) pela guerrilha esquerdista M-19, em 1980. No fim, eles retiveram os reféns por dois meses, exigindo a libertação de 500 prisioneiros e US$ 50 milhões. Empresas dos países cujos embaixadores estavam presos terminaram por arrecadar US$ 2,5 milhões, e os sequestradores encontraram refúgio em Cuba com alguns reféns, que foram então libertados. Os sequestradores não conseguiram a libertação de nenhum dos prisioneiros. Foi um desfecho satisfatório para todos os envolvidos -mas não foi conseguido por meio de um ataque. Tradução de Paulo Migliacci Texto Anterior: Japão e Peru divergem sobre solução para a crise Próximo Texto: Libertado embaixador brasileiro no Peru Índice |
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