São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 1996 |
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Libertado embaixador brasileiro no Peru
CLÁUDIA TREVISAN
Ainda há cerca de 350 reféns na casa. Coutinho, que saiu com seus colegas da Coréia do Sul e do Egito, disse que os três estavam entre os libertados para criar um canal de comunicação com o governo peruano e transmitir uma mensagem dos reféns e da guerrilha. As negociações vêm sendo conduzidas pela Cruz Vermelha e pelo representante indicado pelo governo peruano, o ministro da Educação, Domingo Palermo. Com um megafone, o parlamentar oposicionista Javier Díaz Canseco leu um comunicado dos guerrilheiros, no qual eles acusam o governo de não estar oferecendo uma contrapartida às concessões do grupo MRTA. Eles citam a libertação de mulheres e idosos na noite de terça-feira, quando começou a crise. Reclamam de estar sendo chamado de "assassinos" e do corte de água, luz e linhas telefônicas na casa. "A única solução possível para a libertação dos reféns passa pela libertação de nossos (guerrilheiros) detidos." Segundo o texto, a libertação de ontem não deve ser encarada como sinal de fraqueza. O guerrilheiros esquerdistas também prometeram libertar mais um número "significativo" de reféns se puderem entrar em contato com os líderes do (MRTA) Movimento Revolucionário Tupac Amaru na cadeia. A libertação de todos -cerca de 500- os integrantes do grupo presos é a principal exigência do MRTA. Eles também querem mudanças na política econômica do governo do presidente Alberto Fujimori. Outra nota lida por Díaz foi escrita pelos reféns. Eles pedem que o governo peruano e os guerrilheiros do MRTA encontrem uma solução negociada para a crise e "evitem uma solução militar, o que provocaria muitas mortes". O governo de Fujimori vem sendo pressionado pela comunidade internacional a conseguir uma solução de consenso. Na tarde de ontem, antes da libertação, o governo peruano fez sua primeira declaração oficial sobre a crise. O Conselho de Ministros do Peru, Alberto Pandolfi, disse que o país quer resolver pacificamente a situação. Fujimori apareceu pela primeira vez em público desde o início da crise anteontem à noite, quando recebeu o chanceler do Japão, Yukihiro Ikeda. Situação precária As condições de alojamento e higiene são precárias, segundo os libertados. o congressista Díaz disse que a falta de água impede que o uso de todos os banheiros e que se agravam os problemas de alimentação e saúde. Segundo a Cruz Vermelha, há pessoas com problemas de úlcera, cardíacas e diabéticos, além de casos de diarréia. Estão em poder dos reféns diplomatas de pelo menos 17 países, entre eles o do Japão, Morihisa Aoki. Também são reféns o chanceler peruano, o ministro da Agricultura, o presidente da Corte Suprema de Justiça, cinco congressistas, o chefe da polícia antiterror e Pedro Fujimori, irmão do presidente. Momentos antes da libertação, um segundo comunicado do grupo chegou por fax à agência de notícias "Associated Press". Nele, o MRTA afirma: "A rendição não existe em nosso vocabulário". Mas, ao mesmo tempo, reiterou a disposição de uma solução negociada. Segundo a agência, o documento tinha o logotipo do grupo. Texto Anterior: Possível ataque teria cooperação internacional Próximo Texto: Japão nega divergência com o governo peruano Índice |
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