São Paulo, domingo, 22 de dezembro de 1996
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Política deturpou as teles, acusa general

DA REPORTAGEM LOCAL

O maior defensor da privatização das teles não é um economista neoliberal nem empresário à cata de oportunidade de negócios.
O principal advogado da causa é o general José Alencastro, 78, que comandou a Telebrás no auge da intervenção estatal (1974-1985).
Quando lhe perguntam por que mudou de lado, apresenta dois motivos: a falta de vocação do Estado para gerenciar empresas e a avidez com que os políticos tomaram conta dessas estatais.
"Se os políticos tivessem ficado longe das empresas, talvez elas pudessem ser privatizadas com menos pressa, como na Europa", diz.
"Se elas são lucrativas, tanto melhor porque vão recolher mais impostos para o governo quando forem privatizadas".
O general diz que é difícil apontar entre os governos Sarney, Collor e Itamar Franco aquele que mais utilizou as telefônicas como cabide de empregos para políticos, "como aquelas corridas de cavalo em que o vencedor ganha por diferença de uma cabeça".
Ele afirma que a ocupação das teles pelos políticos foi decisiva para a falência do modelo estatal: "Vocês já viram uma empresa privada contratar um político para uma função que não seja a de lobista?".
Embora defenda a privatização, o general avalia que a intervenção estatal foi fundamental para corrigir a "balbúrdia" dos anos 60:
"Levava-se três dias para conseguir uma ligação interurbana. As empresas privadas, inclusive a multinacionais, prestavam um péssimo serviço. As prefeituras tinham o poder de fixar as tarifas e agiam de forma demagógica", diz.

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